Uma mulher foi esfaqueada pelo ex-marido em São João de Meriti, na Baixada Fluminense. De acordo com a vítima, Wellington Dos Santos Simbra, de 38 anos, não se conformava com o fim do relacionamento. O criminoso ainda tentou abusar sexualmente da mulher durante o ataque.
Para Larissa Pimenta de Melo escapar da morte, foi necessário prometer para Wellington que ela reataria o relacionamento. O acusado, que trabalha como gerente de clínicas odontológicas, foi indiciado pela Delegacia de Atendimento à Mulher (Deam) de São João de Meriti por tentativa de feminicídio e está foragido.
O crime aconteceu no dia 5 de dezembro, durante uma festa do barracão de candomblé que a vítima frequenta, no bairro Vilar dos Teles. Mesmo sem fazer parte do grupo religioso, Wellington frequentava o local para acompanhar a ex-esposa.
“A gente estava separado ia fazer dois meses. Eu estava sentada, na porta do carona, com os pés para fora, porque meu pé estava doendo, aí quando eu fui sair do carro ele falou que precisava falar comigo, aí ele esperou eu ficar sozinha aí começou a me atacar com uma faca de pão. Ele me agrediu no rosto e na cabeça”, comentou Larissa.
O laudo do exame de corpo de delito identificou 30 ferimentos no corpo de Larissa, a maioria deles na cabeça. O casal manteve um relacionamento por oito anos, nos últimos três, casados. De acordo com Larissa, ela decidiu pedir a separação há dois meses por conta de mentiras que ela descobriu.
“Eu pedi para ele não me matar. Falei que se ele não me matasse eu voltaria com ele. Aí ele disse que teria a relação comigo, já que eu voltaria com ele, aí eu abri a perna e consegui buzinar com o pé. Aí ele continuou a me esfaquear e depois meus irmãos tiraram ele de cima de mim e depois ele fugiu. Ele era um homem muito tranquilo, ninguém nunca sonhou com isso. Eu me separei porque descobri muita traição, mentira, ele começou a beber muito, falar mal da minha filha, aí eu pedi separação”, disse a vítima.
Policiais da Deam de São João de Meriti estão fazendo buscas para tentar capturar o criminoso.
NÃO É UM CASO ISOLADO
O que aconteceu com a Larissa está longe de ser um caso isolado. Esse é o quarto registro de violência contra a mulher que ganhou repercussão apenas nos últimos sete dias.
Além disso, dados do Instituto de Segurança Pública (ISP) mostram que, em 2022, o estado do Rio registrou 88 feminicídios e 235 tentativas entre janeiro e outubro. O número de feminicídios nos dez meses deste ano já é maior que os registros em todo o ano passado. Em 2021, foram 85 casos e 264 tentativas de feminicídio.
Em uma tentativa de dar mais proteção às mulheres, a Polícia Militar lançou o aplicativo Rede Mulher em outubro. A plataforma ajuda no socorro às vítimas de violência e ainda conta com um botão de emergência, que permite um atendimento prioritário a ela.
“Essa ferramenta é muito importante onde a Polícia Militar tem dificuldade de acesso, como em algumas comunidades. A gente sempre fala que o feminicídio é um crime evitável. Nós sabemos quem é a vítima e o possível autor, nós sabemos onde, provavelmente vai ser dentro da casa da vítima, ou num local do seu cotidiano, nós só não sabemos o quando. Esse é o nosso desafio para enfrentar o feminicídio”, comentou a Tenente Coronel Claudia Moraes, coordenadora do Programa Maria da Penha, da Polícia Militar.
Em menos de dois meses, o aplicativo já foi baixado cerca de 11.800 vezes.
*Sob supervisão de Natashi Franco