Rogéria da Conceição Avelar, irmã do Reginaldo Avelar, disse, na manhã desta terça-feira (7), que “o policial atirou no peito dele (Reginaldo) sem necessidade”. O caseiro Reginaldo, de 37 anos, foi morto nesta segunda-feira (6) por um tiro disparado por um policial militar durante uma confusão num lava-jato irregular na Avenida Marechal Rondon, na Zona Norte do Rio.
“O policial atirou no peito dele sem necessidade. Como fazer uma coisa dessa com um trabalhador, com um ser humano? Um absurdo o que aconteceu. Eu estou muito indignada. Mataram meu irmão, arma de fuzil, gente? Como isso? Mesmo se ele estivesse fazendo alguma coisa, pegava ele, mas não isso. ”, falou, emocionada, Rogéria da Conceição, Irma de Reginaldo.
Reginaldo era cuidador de idosos e trabalhava no lava-jato para complementar renda. As testemunhas tem diferentes versões para a morte do cuidador de idosos. Em uma delas, a vítima não estava participando da confusão e nem estava tentando apartar a briga, mas estaria próximo ao local. Em outra, Reginaldo teria tentando apartar a briga quando foi baleado. Ele foi atingido no peito e a bala perfurou o pulmão.
“A família relata que ele foi apartar uma briga debaixo do viaduto, entre duas pessoas que estavam brigado, aí o policial chegou e atirou no Reginaldo. A família acredita que ele (policial) atirou diretamente nele. A gente espera que a Polícia investigue a fundo, que a família tenha resposta. Já tem esse desencontro de informações entre as pessoas que estavam no local e a nota da Polícia Militar. Não é possível que a gente continue tendo um Estado que mate pessoas em situações banais todo dia”, disse Vanessa Figueiredo Lima, membro da Comissão de Direitos Humanos da OAB.
Em nota, a PM informou que “de acordo com policiais da UPP São João, uma equipe atuou em uma confusão entre pessoas em um lava-jato na Av. Marechal Rondon. Durante a tentativa de separar os envolvidos, a arma de um dos policiais foi disparada acidentalmente. Um homem foi atingido e socorrido ao Hospital Municipal Salgado Filho, no Méier. A Coordenadoria de Polícia Pacificadora (CPP) e a 1ª Delegacia de Polícia Judiciária Militar (DPJM) acompanham o caso”.
O policial militar envolvido foi preso e prestou depoimento. O caso está sendo investigado pela Delegacia de Homicídios da Capital e pela Polícia Judiciária Militar.
“É uma mistura de raiva, de tudo. Estou revoltada. E só acontece nas comunidades. Como vou falar que vai dar um basta? Não vai dar basta. Só se juntar todas as comunidades, se juntar todo mundo, aí tem que fazer uma manifestação. Só sei que atiraram no meu irmão, mataram meu irmão. Deixou um filho de 13 anos”, afirmou Rogéria da Conceição.
*Estagiário sob supervisão de Natashi Franco