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OPERAÇÃO NA VILA CRUZEIRO: Número de mortos chega a 25

Especialistas em segurança se preocupam com a letalidade do armamento e migração de traficantes para o Rio

Pedro Cardoni*

Parte do arsenal apreendido era aprimorada para aumentar a letalidade dos equipamentos
Parte do arsenal apreendido era aprimorada para aumentar a letalidade dos equipamentos
Divulgação/Polícia Civil
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O número de mortos depois da operação policial na Vila Cruzeiro, na Penha, Zona Norte do Rio de Janeiro, subiu para 25 pessoas, na manhã desta quarta-feira (25). Na região, ainda existem bloqueios e o patrulhamento segue reforçado.

Dois homens que estavam internados não resistiram aos ferimentos e um menor de idade chegou já morto à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Alemão. Outro homem que deu entrada na unidade foi transferido para o Hospital Salgado Filho em estado de saúde estável.

A região é dominada pela facção criminosa conhecida como Comando Vermelho e tem como característica a combatividade contra as forças policiais. Cerca de 700 mil pessoas vivem sob o domínio dos traficantes armados, que usam as favelas como quartéis generais.

Especialistas entendem que o grupo criminoso se beneficia da decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que restringe as operações policiais nas comunidades do Rio de Janeiro. Esses locais se tornaram uma rota de fuga segura para traficantes de outras regiões do país.

"Medidas tomadas pelo Supremo Tribunal Federal teoricamente para proteger a população, protegem, quando na verdade protege essa ação criminosa de domínio e expansão desses territórios", comentou Paulo Storani, especialista em segurança pública.

Entre os mortos na operação da última terça-feira (24), estão traficantes da região Norte e Nordeste. A polícia procurava lideranças do tráfico do Pará, Bahia, Amazonas e Alagoas. Os criminosos estariam procurando abrigo nessa região.

O especialista assemelha esse processo ao período de implantação das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs), quando grupos de criminosos migraram de uma comunidade para outra.

“Criminosos de outra regiões e de outros estados podem procurar abrigo nessas regiões que, teoricamente, estariam sido protegidas por medidas que foram tomadas pelo Supremo Tribunal Federal. Quando há uma resistência por parte dessa ideia, devo lembrar que na década passada foi exatamente isso que aconteceu com a implantação das UPPs. Onde havia a implantação das UPPs, os criminosos evadiram para outras áreas. Então não seria nada absurdo que criminosos de outros estados buscassem abrigo em áreas teoricamente protegidas por decisão do STF", disse Paulo Storani.

ARMAMENTO DE GUERRA

Os agentes apreenderam 13 fuzis, 12 granadas e quatro pistolas, além de uma grande quantidade de drogas, 10 carros e 20 motos roubadas. A origem das armas e a letalidade do arsenal apreendido é outro ponto de preocupação segurança pública do Rio de Janeiro.

"Um segundo aspecto é a quantidade de armamento que foi apreendido nessa operação com pelo menos 12 fuzis calibre 7,62 e calibre 2,23, a metade deles com miras óticas, que aumenta a letalidade desse equipamento", completou Storani.

*Estagiário sob supervisão de Natashi Franco