Organização para ajudar crianças vítimas de violência é criada por pai de Henry

Leniel ainda aguarda pela justiça do filho brutalmente assassinado em 2021

Karol Neves*

O instituto Henry Borel foi inaugurado na manhã desta quarta-feira. Reprodução
O instituto Henry Borel foi inaugurado na manhã desta quarta-feira.
Reprodução

Nesta quarta-feira (19), a Associação Henry Borel foi inaugurada no Recreio dos Bandeirantes, na Zona Oeste do Rio. A organização sem fins lucrativos, fundada pelo pai do menino, de apenas 4 anos, que foi vítima de violência no ano passado, tem como objetivo promover o apoio em prol da garantia dos diretos humanos de crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade social.

Apesar da dor e do sofrimento da perda precoce e violenta do filho, Leniel Borel editou a lei que visa criar mecanismos para a prevenção e enfrentamento da violência doméstica e familiar contra crianças e adolescentes.

“A inauguração da associação pretende colocar em prática alguns desses mecanismos de proteção criados pela Lei Henry Borel. Então, primeiramente, a gente conseguir atender o maior número, não só de crianças, mas também de responsáveis por crianças que, muitas vezes, nessa busca por justiça, acabam tendo toda uma peregrinação uma vez que a gente sabe que, infelizmente, o nosso sistema de justiça ele ainda não é voltado pras vítimas, mas as vítimas precisam ter protagonismo nas ações da justiça e também, das ações do estado” disse a delegada Paula Mary.

O instituto busca, entre outras ações, promover orientação jurídica para vítimas, receber denúncias, prestar auxílio psicológico, reivindicar o cumprimento das funções do Estado, manter e publicar informações acerca dos casos de violência e defender os interesses de crianças e adolescentes.

“Hoje elas contam com esse espaço físico que vai acolher essa criança, que vai receber e vai dar destino. A gente tá aqui com apoio, falamos com as DCAV (Delegacia da Criança e do Adolescente Vítima), tem o Ministério Público aqui representado, diversas pessoas que podem, de alguma maneira, proteger essa criança. Aqui a gente também tem o espaço com a psicopedagoga, com a parte jurídica, com atendimento pediátrico, pra fazer um filtro inicial” explicou Leniel Borel.

Quanto ao caso que envolve a morte do filho, Leniel Borel, espera que os acusados sejam levados à júri popular.

“Esperamos que o júri, que é o sistema mais justo desse país, que os jurados, que o povo, julgue Monique e Jairo e que dê destino pra eles. Eu espero que eles julguem, que eles definam o futuro daqueles dois assassinos que agrediram brutalmente uma criança menor de quatro anos” finalizou o pai da vítima.

RELEMBRE O CASO

Em março de 2021, Henry Borel, de apenas 4 anos, foi morto brutalmente no apartamento onde morava com a mãe, Monique Medeiros e o padrasto, o ex-vereador Jairinho. Imagens das câmeras de segurança do condomínio, na Barra da Tijuca, na Zona Oeste, mostram o menino sendo carregado pela mãe, aparentemente desacordado.

O laudo da necropsia indica que Henry foi atingido 23 vezes em diferentes partes do corpo. Jairinho também responde na Justiça por violência contra os filhos de outras ex-namoradas.

Especialistas que acompanharam o caso e tiveram acesso aos laudos periciais acreditam -- com base na descoloração das marcas no corpo do garoto -- que Henry pode ter morrido no fim da noite de 7 de março, e que o corpo pode ter ficado no apartamento por quase cinco horas antes de Monique e Jairinho levarem o menino ao hospital, por volta das 4h.

Com o desenrolar do caso, Jairinho teve o mandato cassado como vereador do Rio em 30 de junho. Ele foi o primeiro parlamentar da história da Câmara de Vereadores fluminense e perder o cargo.

O Ministério Público do Rio solicitou a pronúncia da mãe e do padrasto. A justiça agora precisa decidir se o julgamento será por  júri popular.

*Sob supervisão de Natashi Franco