Quase 70% dos tiroteios no Grande Rio em 2023 foram perto de escolas

Segundo o Instituto Fogo Cruzado, os números representam, em média, seis tiroteios por dia letivo. Mais de 25 mil alunos foram afetados na última semana.

Ana Clara Prevedello*

Quase 70% dos tiroteios no Grande Rio em 2023 foram perto de escolas
725 escolas e creches públicas da Região Metropolitana foram afetadas.
Agência Brasil

Cerca de 70% dos tiroteios na Região Metropolitana do Rio em 2023 foram próximos a escolas públicas e privadas, segundo o Instituto Fogo Cruzado. Foram 673 trocas de tiros no período, sendo que 460 aconteceram em áreas onde há unidades de ensino funcionando. É como se, em média, seis tiroteios ocorressem por dia letivo perto dos ambientes escolares no Grande Rio.

725 escolas e creches públicas da Região Metropolitana tiveram tiroteios no seu entorno. Na última semana, mais de 25 mil estudantes foram afetados.

Dos 460 tiroteios mapeados, 226 aconteceram durante ações policiais. Muitos educadores e alunos vivem essa realidade no dia a dia do Rio de Janeiro.

“Com frequência, quando tem operação na comunidade, eles não conseguem muitas das vezes sair de casa para se deslocar até a escola. Gera um prejuízo no rendimento escolar deles. Semana retrasada, por exemplo, teve um dia que de 32 alunos em sala, eu só tive oito”, disse uma professora que preferiu não ser identificada.

Em fevereiro, 12 escolas da Vila Kennedy tiveram as aulas interrompidas já no primeiro dia letivo. Nos dias 7, 10, 13 e 14 do mesmo mês, outras escolas das Zonas Norte e Oeste foram impactadas. Os cinco locais com mais escolas afetadas pelos tiroteios são Praça Seca, Vila Kennedy, Cidade de Deus, Bangu e Brás de Pina.

Em relação aos municípios, o Rio de Janeiro ocupa o primeiro lugar, seguido de Duque de Caxias, Niterói, São João de Meriti e Belford Roxo.

Esses números representam histórias. Em maio, o estudante Luiz Davi Freire, de 12 anos, foi baleado na cabeça a caminho da escola em São Gonçalo, na Região Metropolitana do Rio. Ele conseguiu receber alta do hospital e passa bem.

Para Carlos Nhanga, Coordenador Regional do Instituto Fogo Cruzado no Rio de Janeiro, a violência armada atinge a população de diferentes formas.

“Quando um tiroteio acontece, toda população é afetada. Trabalhadores deixam de sair para seus empregos, profissionais da saúde deixam de prestar atendimento médico para seus pacientes, crianças e adolescentes deixam de ir para a aula. Nesse mês de maio tivemos o caso do menino Luiz Davi, de 12 anos, que foi baleado na cabeça durante uma ação policial quando estava a caminho da escola com outras crianças, em São Gonçalo. Essa é a face mais cruel da violência, que tira o direito à educação de crianças e adolescentes", conta.

*Sob supervisão de Christiano Pinho