Seis anos após incêndio, Museu Nacional corre o risco de ter obras interrompidas

FIRJAN E ACRJ lançaram um manifesto em apelo as autoridades por verbas para seguir com a reforma. Reabertura parcial será em 2026

Clara Kury, Helena Vieira

Seis anos após incêndio, Museu Nacional corre o risco de ter obras interrompidas
Museu Nacional
foto/vídeo

Seis anos após incêndio, o museu nacional corre o risco de não reabrir parcialmente daqui a dois anos por falta de verba para a conclusão das obras de restauração.  Cerca de R$ 109 milhões são necessários e, desse total, o MEC já prometeu R$ 14 milhões. Os R$ 95 milhões restantes precisariam ser divididos em duas parcelas, cerca de R$ 50 milhões até o final de novembro e o restante até o início de fevereiro do ano que vem para que o Museu possa ser reaberto em 2026.

Alexander Kellner, o diretor do Museu Nacional, pensa em captar dinheiro com a Lei Rouanet.

“Nós conseguimos no ano passado a possibilidade de levantar através da Lei Rouanet R$ 90 milhões. Ou seja, através de empresas privadas. Eu acho que existem dois motivos pra essas empresas não apoiarem a causa. O primeiro é o desconhecimento da possibilidade de participar. E tem o segundo que de uma certa forma, as empresas não estão acostumadas a fazer esse tipo de investimento em ações diretamente vinculadas ao patrimônio cultural e histórico do país. Estão mais acostumados a fazer esporte, coisas vinculadas, a show e tudo mais. Então museus não costumam estar na primeira linha de ação”.

No dia 2 de setembro de 2018 um incêndio atingiu o Museu Nacional, em São Cristóvão, Zona Norte do Rio de Janeiro. O fogo destruiu cerca de 85% do acervo de 20 milhões de itens da mais antiga instituição científica do país. Dentre os itens perdidos, se destacam o fóssil do dinossauro conhecido como "Dinoprata", primeiro dinossauro de grande porte disponível no museu; múmias egípcias e o esqueleto de uma baleia cachalote. Acreditava-se que outro importante artefato, o crânio de Luzia, fóssil humano mais antigo já encontrado nas Américas, tivesse sido destruído pelas chamas, mas ele foi encontrado nos escombros do prédio, com cerca de 90% de sua superfície danificada. As partes mais resistentes ficaram inteiras, colaborando para a reconstrução do crânio.

A restauração das fachadas e coberturas do bloco histórico (bloco 1) começou em 2021. Atualmente, todas as fachadas frontais e laterais já foram restauradas. Cerca de 50% dos telhados já foram reconstruídos e novas lajes de coberturas foram erguidas nos blocos 1, 2 e 3. Além disso, réplicas das esculturas do palácio foram produzidas e já instaladas.

A Associação Comercial do Rio de Janeiro (ACRJ) e a Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (FIRJAN) emitiram um manifesto em defesa do Museu Nacional. O documento foi lançado para reforçar a necessidade dos investimentos na reparação da instituição e mobilizar as pessoas e autoridades para acelerar o processo de recuperação.

O Museu Nacional além de ser uma das mais antigas instituições da cultura, da educação e da ciência brasileira, é um centro privilegiado de produção e de disseminação de conhecimento, merecendo, portanto, todo o empenho e prioridade em sua recuperação 

Disseram Eduardo Eugenio Gouvêa Vieira, presidente da Firjan e Josier Marques Vilar, presidente da ACRJ, em nota.

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