Exercício físico e terapia hormonal: mais bem-estar e menos desconforto

Educadora física explica como os exercícios podem reduzir efeitos colaterais do tratamento contra o câncer

Luciana Castelli Assmann

Vida e Saúde

Neste espaço, os profissionais do Instituto Vencer o Câncer trazem informações sobre saúde, bem-estar, qualidade de vida e novidades na prevenção, diagnóstico e tratamento dos diversos tipos de tumores.

Exercício físico pode auxiliar no controle de efeitos colaterais do tratamento oncológico
Exercício físico pode auxiliar no controle de efeitos colaterais do tratamento oncológico
Daniel Rech - pixabay

O câncer de mama é uma doença bastante comum que afeta muitas mulheres ao redor do mundo. Quando diagnosticado em estágios iniciais, o tratamento geralmente envolve o uso da terapia hormonal para prevenir a recorrência da doença. 

No entanto, alguns efeitos colaterais desagradáveis, como ondas de calor e dores nas articulações, levam algumas mulheres a interromperem o tratamento, aumentando assim o risco de a doença voltar.

Uma abordagem que tem se mostrado promissora para reduzir esses efeitos colaterais e melhorar a adesão ao tratamento é o exercício físico. Contudo, apenas uma pequena porcentagem de mulheres com câncer de mama segue esta recomendação.

Com base nesse contexto, um estudo apresentado na American Society of Clinical Onchology (ASCO 2023) foi conduzido com o objetivo de avaliar o efeito de um programa virtual de exercícios supervisionados em mulheres que estão recebendo terapia hormonal para câncer de mama em estágio inicial. 

O foco principal do estudo foi analisar a função física das participantes, além de investigar a adesão ao tratamento com terapia hormonal.

As participantes do estudo foram recrutadas através de encaminhamentos de profissionais de oncologia e também por voluntárias que se inscreveram. Para serem elegíveis, as mulheres precisavam ter câncer de mama nos estágios I a III, estar em tratamento curativo, ter entre 19 e 75 anos e estar utilizando a terapia hormonal por pelo menos 3 meses e no máximo 3 anos.

O estudo foi planejado de forma que metade das participantes iniciasse imediatamente o programa de exercícios, enquanto a outra metade começasse após um período de 8 semanas. O programa teve duração total de 8 semanas e incluiu exercícios de resistência supervisionados virtualmente duas vezes por semana, juntamente com exercícios aeróbicos autoguiados. 

A maioria das mulheres apresentava índice de massa corporal acima do considerado saudável.

Na conclusão do estudo, foi observada uma melhora significativa na função física das participantes que iniciaram imediatamente o programa de exercícios em comparação com aquelas que começaram após esse período.

Este estudo evidencia o que eu presencio diariamente no contato com meus pacientes.

Mais de uma década de atuação como educadora física especialista em pacientes oncológicos (predominantemente câncer de mama) me permite afirmar que a grande maioria das mulheres que relatam efeitos colaterais ao longo do tratamento hormonal é sedentária ou não faz exercícios físicos regularmente. 

Portanto, aderir a um programa de exercícios de acordo com o tratamento, a composição corporal e, principalmente, as limitações do paciente oncológico, fará toda a diferença na manutenção do bem-estar e no controle desses desconfortos!

Luciana Castelli Assmann é Educadora Física especialista em Oncologia, integrante do Comitê Científico do Instituto Vencer o Câncer e autora do capítulo “Atividade Física “ do livro Vencer o Câncer de Mama 

Referência: 

Myers, Samantha & LeVasseur, Nathalie & Mackenzie, Kelly & Fujita, Rafael & Faulkner, Guy & Berkowitz, Jonathan & Olson, Robert & Trinh, Linda & Campbell, Kristin. (2023). The effect of exercise on physical function and medication adherence in women receiving endocrine therapy for breast cancer: The breast cancer endocrine therapy fitness (BE-FIT) randomized controlled trial.. Journal of Clinical Oncology. 41. 12069-12069. 10.1200/JCO.2023.41.16_suppl.12069.