Outubro Rosa: saiba mais sobre a radioterapia no tratamento do câncer de mama

Médico especialista destaca os avanços da terapia nos últimos anos

Dr Robson Ferrigno

Vida e Saúde

Neste espaço, os profissionais do Instituto Vencer o Câncer trazem informações sobre saúde, bem-estar, qualidade de vida e novidades na prevenção, diagnóstico e tratamento dos diversos tipos de tumores.

Radioterapia pode ser um dos tratamentos indicados para câncer de mama
Radioterapia pode ser um dos tratamentos indicados para câncer de mama
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A radioterapia é um tipo de tratamento que consiste na liberação de radiações ionizantes (raio x de alta energia) por um aparelho em direção a uma determinada parte do corpo para tratamento dessa região. Ela consiste em aplicações diárias, em dias úteis, com duração de aproximadamente 15 minutos cada sessão. 

Essas aplicações são indolores e imperceptíveis por parte do paciente. A decisão do local do corpo que precisa ser tratado e o número de sessões é tomada pelo médico especialista em radioterapia. 

Radioterapia no câncer de mama

No câncer de mama, a radioterapia possui o objetivo de evitar a recaída local na mama operada após cirurgia conservadora (retirada apenas do tumor) ou na parede torácica após mastectomia (retirada total da mama) e, também, evitar recaída nas áreas de drenagem linfática quando há linfonodos comprometidos. Ao evitar a recaída local, a radioterapia aumenta ainda mais as chances de cura e evita a necessidade de outra cirurgia.

Após cirurgia conservadora, a paciente quase sempre precisa receber esse tratamento para evitar que o tumor volte a crescer na mama operada. Alguns estudos sugerem que pacientes acima de 70 anos, com tumor pequeno (menor que 2 cm), sem linfonodos na axila comprometidos e com receptores de estrógeno positivos no exame chamado imunohistoquímico, possam não precisar da radioterapia mesmo após tratamento com preservação da mama porque a recidiva local nessas situações é baixa desde que tratadas com medicamento anti-hormônio prescrito pelo Oncologista Clínico. 

A decisão de omitir a radioterapia nessas situações é tomada através da integração entre os médicos envolvidos no tratamento. Uma vez indicada a radioterapia, a paciente pode receber as aplicações apenas na mama ou também nas áreas de drenagens linfáticas, situadas na parte baixa do pescoço e na axila. A inclusão da drenagem linfática é realizada quando há linfonodos comprometidos na peça cirúrgica. 

Após mastectomia radical ou mastectomia com reconstrução, a radioterapia é realizada nas seguintes situações: tumor maior que 5 cm; linfonodos da axila comprometidos; invasão de pele ou presença de mais de um tumor na mama retirada. Nessas situações, a paciente recebe as aplicações tanto na parede torácica ou na mama reconstruída como também nas drenagens linfáticas. 

Características da radioterapia

A radioterapia é um tratamento simples e rápido. Durante as aplicações a paciente fica de 10 a 15 minutos no aparelho, tempo suficiente para o posicionamento e liberação da radiação no local correto. O tratamento é indolor e a radiação é invisível. Não há qualquer incômodo ou sensação durante a aplicação. Ela é realizada com a paciente deitada com a barriga para cima e com um ou os dois braços para cima a depender da rotina do Serviço. 

O número de aplicações depende de vários fatores que são avaliados pelo médico especialista em radioterapia. Em geral, elas variam de 5 a 33 aplicações uma vez ao dia, em dias úteis, em horário próprio para cada paciente. É interessante a paciente perguntar ao médico da radioterapia se na sua situação é possível fazer essa radioterapia mais curta, que se chama radioterapia hipofracionada.

Durante o tratamento, os efeitos colaterais mais frequentes são a fadiga (sensação de cansaço) e reação na pele, que varia de prurido e descamação seca, até vermelhidão com ardência local, porém, com intensidade muito menor do que antigamente devido aos avanços tecnológicos. 

A intensidade dessas reações depende das características de cada paciente e dos cuidados técnicos tomados pelo médico responsável. Para amenizar essas reações recomenda-se não tomar sol no local que está sendo tratado, evitar roupas que causam atrito com a pele e manter a pele sempre limpa e hidratada. Não se recomenda que a paciente venha para a radioterapia com algum tipo de creme aplicado na pele. 

Cada Serviço de radioterapia possui sua própria rotina para orientação desses cuidados. No entanto, é importante frisar, que não existe qualquer creme que evite ou amenize as reações na pele provocadas pela radioterapia. Aliás, alguma reação tem de acontecer porque a pele precisa ser tratada por ser uma área de risco de recaída. 

Não há necessidade de mudança na rotina diária durante a radioterapia. A paciente pode e deve continuar trabalhando e, sempre que possível, é saudável praticar atividade física. Estudos mostraram que pacientes com câncer de mama que se exercitam durante a radioterapia sentem menos fadiga, têm uma melhor autoestima e toleram melhor o tratamento.

Se houver alguma dúvida sobre a radioterapia é importante consultar o médico especialista em radioterapia e, se as dúvidas persistirem ou se houver alguma sensação de insegurança, é aconselhável ouvir uma segunda opinião.

Cuidados com a radioterapia

Uma vez indicada a radioterapia, a paciente deve consultar um médico especialista em radioterapia. É aconselhável sempre verificar se tal médico possui título de especialista pela Sociedade Brasileira de Radioterapia em conjunto com a Associação Médica Brasileira. No Serviço de radioterapia que for atendida, sempre verificar como será realizada a radioterapia. Uma dica importante é perguntar se o planejamento será com tomografia. 

Se não for com tomografia, a técnica que será empregada é a convencional, o que não é mais recomendada pela baixa precisão e riscos de complicações. A paciente também deve verificar se a técnica que será realizada é a conformada (que usa tomografia) e não a convencional. A técnica conformada distribui a radiação de forma mais segura na área que precisa ser tratada.

Com os avanços técnicos da radioterapia ocorridos nos últimos anos, os efeitos colaterais são muito leves e há muita segurança na entrega da radiação, evitando assim, qualquer complicação da radioterapia a longo prazo. 

Dr Robson Ferrigno é coordenador dos Serviços de Radioterapia na BP - A Beneficência Portuguesa de São Paulo e integrante do Comitê Científico do Instituto Vencer o Câncer