Saúde

Varíola dos macacos: Entenda os sintomas e as formas de contágio

OMS declarou emergência internacional pela rápida expansão da varíola do macaco pelo mundo

Da Redação, com informações da Agência Einstein

Casos da varíola dos macacos, vírus que raramente contamina humanos, estão se espalhando rapidamente pelo mundo e a Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou emergência internacional. Mas, afinal, o que é a varíola dos macacos? Quais são os sintomas da doença? Tem cura? Pode virar pandemia? Aqui você tira essas e outras dúvidas. 

A varíola dos macacos é uma zoonose silvestre que ocorre geralmente em regiões de floresta da África Central e Ocidental. Mas os casos relatados pelo mundo parecem não ter relação com as regiões africanas, o que pode indicar uma possível transmissão comunitária do vírus.

O que é a varíola dos macacos?

A varíola dos macacos é uma infecção viral rara considerada mais leve que a varíola humana registrada no passado. Ela foi registrada pela primeira vez na República Democrática do Congo na década de 1970, e o número de casos tem aumentado na última década na África Ocidental.

De acordo com Álvaro Furtado, infectologista do Hospital das Clínicas da USP, existem registros na literatura de pessoas que viajaram para a África, tiveram contato com primatas e desenvolveram a doença. O que intriga os estudiosos no momento é que começaram a aparecer casos na Europa de pacientes que não viajaram e nem tiveram contato com pessoas que viajaram. 

A varíola que a gente conhece, que causa aquela doença grave, foi erradicada, não circula mais nos homens. O único jeito de usar o vírus hoje seria como arma biológica – até tivemos medo, com a guerra na Ucrânia, de que isso poderia acontecer

"Agora, existem outros vírus de varíola em animais – não só em macacos, mas em outros em ambiente silvestre – e, quando o homem entra em contato com esses animais, pode se contaminar. O que intriga é que alguns pacientes tiveram contato e adquiriram a doença, mas logo disparou uma cascata de casos na Europa que parece que não tem tanta relação só com essa questão de contato. A velocidade de transmissão tem intrigado”, completa Furtado. 

É grave? Quais são os sintomas?

Segundo o infectologista, os principais sintomas da varíola do macaco são febre, dor no corpo e aparecimento de lesões na pele, semelhantes a bolhas de água, simétricas, assim como ínguas na região genital. 

“Essas lesões podem ulcerar. Uma complicação pode ser uma bactéria entrar e causar uma infecção de pele mais grave. Quem viajou ou teve contato com alguém que viajou [aos países que registraram a doença] tem que notificar o serviço de saúde, a vigilância epidemiológica.”

Ele ressalta, porém, que não há motivo para “desespero”. “A pessoa infectada fica com aquela pele que assusta, mas maioria dos casos evolui bem”. 

O principal meio de transmissão é através do contato direto com as lesões na pele, mas ela também é transmitida por gotículas e pelo contato com roupas de cama, por exemplo.

O problema é que ela tem uma incubação muito longa, de até 21 dias, o que torna difícil isolar o paciente. E pode durar esse mesmo tempo para a cicatrização completa das feridas, quando a pessoa deixa de ser contagiosa.

Para piorar, os sintomas iniciais são muito inespecíficos, como febre e vermelhidão na pele. As lesões bolhosas surgem depois, primeiro no rosto e depois se espalham pelo corpo, formando uma crosta que depois cai. A doença pode ser autolimitada, ou seja, se resolver sozinha, mas também pode apresentar complicações como infecções secundárias. 

Ela tem relação com a varíola humana?

A doença é causada por um vírus similar ao da varíola humana, que provocou grandes epidemias no passado, mas que foi erradicado com a vacinação. 

Existe vacina?

Os cientistas avaliam que a vacina da varíola humana pode apresentar uma imunidade cruzada com esse vírus da varíola dos macacos. “São vírus primos, parecidos do ponto de vista genético. Mas como a maioria das pessoas não tomou essa vacina, já que o vírus foi erradicado há muito tempo, não temos essa proteção”, diz Furtado.

Para a infectologista Paula Tuma, gerente de controle de infecções do Hospital Israelita Albert Einstein, “o surgimento de uma doença infecciosa sempre preocupa e é preciso pensar em como contê-la”. Neste caso, a melhor forma seria a vacina, já que o imunizante contra a varíola humana parece funcionar contra a dos macacos também. Mas ela não está disponível em grande escala. 

Pode se tornar uma pandemia?

De acordo com a análise do infectologista, dificilmente a varíola dos macacos se transformará em uma pandemia, como aconteceu com o coronavírus

“Essas doenças costumam surgir com a mudança climática, o fato de o homem não respeitar natureza, entrar no habitat desses animais, além da questão do tráfego internacional, as pessoas viajam, o mundo é globalizado. A pessoa invade a natureza, joga o vírus e espalha rapidamente entre os países.”

“É a mesma cadeia epidemiológica que vimos com a Covid-19, mas esse vírus não tem o mesmo potencial de transmissão do coronavírus, Não vamos assustar a população, não vai virar pandemia. Só não podemos deixar correndo solto, temos que monitorar.”

 

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