Saúde

Poliomielite: Saúde vai substituir 'gotinha' por vacina injetável em 2024

Pasta informou que a atualização do imunizante será feita de forma gradual. Segundo o Ministério da Saúde, a mudança representa avanço tecnológico para maior eficácia do esquema vacinal

Da Redação

Poliomielite: Saúde vai substituir 'gotinha' por vacina injetável em 2024
Vacina contra a poliomielite
Fernando Frazão/Agência Brasil

O Ministério da Saúde anunciou nesta sexta-feira (7) que vai substituir gradualmente a Vacina Oral Poliomielite (VOP), a famosa “gotinha”, pela versão inativada (VIP), do imunizante a partir de 2024. 

A recomendação foi debatida e aprovada pela Câmara Técnica de Assessoramento em Imunização (CTAI) que considerou as novas evidências científicas para proteção contra a doença. 

“É importante reforçar que essa atualização não representa o fim imediato do imunizante na versão popularmente conhecida como ‘gotinha’ e sim um avanço tecnológico para maior eficácia do esquema vacinal que será feito após um período de transição. O Zé Gotinha, símbolo histórico da importância da vacinação no Brasil, também vai continuar na missão de sensibilizar as crianças, os pais e responsáveis em todo Brasil, participando das ações de imunização e campanhas do governo”, informou a pasta em comunicado. 

Nísia Trindade ressaltou como é fundamental a parceria do Ministério da Saúde com as sociedades científicas. “Não foi assim nos últimos anos, mas queremos retomar a ciência e estamos trabalhando nesse sentido. A retomada das altas coberturas vacinais é uma prioridade do governo. Esse é um movimento, não uma campanha isolada, justamente pela ideia de continuidade e pelo constante monitoramento de resultados. Esse trabalho não se restringe ao Ministério da Saúde, por isso estamos indo aonde estão os movimentos da sociedade”, afirmou. 

O presidente da SBP, Clóvis Francisco Constantino, e o diretor do Departamento do Programa Nacional de Imunizações (DPNI) do Ministério da Saúde, Eder Gatti, também participaram da conversa. Eder sustentou que o PNI foi o grande responsável por mudar o perfil epidemiológico das doenças no Brasil, principalmente em pediatria. 

“Ainda assim, a gente vive um cenário preocupante nas coberturas vacinais, com risco de reintrodução de doenças. Antes o PNI era parte de uma coordenação, mas agora é um departamento completo, o que dá mais dinamismo na gestão do programa e a possibilidade de ferramentas adequadas para o registro dos estados e municípios. Nossas ações estão voltadas para atacar as causas da queda da cobertura vacinal, como a falta de padronização dos sistemas de dados, que agora está sendo feita, para uma oferta de relatórios com qualidade e precisão de informações”, detalhou Eder. 

O diretor do Departamento do Programa Nacional de Imunizações também explicou algumas das ações da pasta. “Vamos oferecer aos municípios um planejamento diferenciado, onde a imunização sai da unidade de saúde e vai até a pessoa que precisa ser vacinada. Também haverá transferência de recursos para estados e municípios, um recurso excepcional para ações de vacinação, coisa que o Ministério da Saúde não faz há anos. A ideia é concentrar esforços onde há maior número de não vacinados. Ali é onde precisamos ser mais intensos em ações”, acrescentou. 

Novo esquema vacinal 

Em relação aos imunizantes contra a pólio, a indicação da CTAI foi para que o Brasil passe a adotar exclusivamente a Vacina Inativada Poliomielite (VIP) no reforço aos 15 meses de idade, que atualmente é feito com a forma oral do imunizante. 

A VIP (forma injetável) já é aplicada aos 2, 4 e 6 meses de vida, conforme o Calendário Nacional de Vacinação. Portanto, após um período de transição que começa no primeiro semestre de 2024, as crianças brasileiras que completarem as três primeiras doses da vacina, irão tomar apenas um reforço com a VIP (injetável) aos 15 meses. 

A dose de reforço aplicada atualmente aos 4 anos não será mais necessária, já que o esquema vacinal com quatro doses garantirá a proteção contra a pólio. A atualização considerou os critérios epidemiológicos, as evidências relacionadas à vacina e as recomendações internacionais sobre o tema. 

Em resumo, a mudança significa que serão quatro doses injetáveis aos 2, 4, 6 e 15 meses de vida.

Brasil sem Pólio 

Desde 1989 não há notificação de caso de pólio no Brasil, mas as coberturas vacinais contra a doença sofreram quedas sucessivas nos últimos anos. 

Em todo o Brasil, a cobertura ficou em 77,19% no ano passado, longe da meta de 95% para esta vacina. Por isso, a mobilização para retomar as altas coberturas vacinais do país, que já foi referência internacional, é fundamental.