Guardiões da Galáxia recebe jogo mais divertido que os filmes

Jogo da Square Enix entrega uma experiência sólida, engraçada e emocionante

Eddy Venino - Equipe BANDx

Divulgação Square Enix
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Square Enix

Jogos baseados em franquias de HQs não são nenhuma novidade, estão aí desde a era 8 bits. Mas houve um retorno glorioso através da série Batman Arkham nas últimas gerações. Isso, combinado com o sucesso do MCU (Universo Cinematográfico da Marvel) nos cinemas, fez com que a demanda e qualidade dos jogos baseados em super heróis aumentasse. Spiderman recentemente teve uma recepção fenomenal e já estamos ansiosos por sua continuação e também pelo jogo focado em Logan, ambos pelas mãos da Insomniac Games. Além dos jogos baseados no universo da DC, com os futuros Gotham Knights e Suicide Squad: Kill the Justice League. Mas teve um ponto fora da curva. Só que pro lado errado, ele se chama Marvel's Avengers. Claro, tem quem goste, mas existe um consenso de que a Square Enix errou a mão nesse jogo, que havia criado muita expectativa por trazer o supergrupo dos cinemas pros games. E, bem, não foi tudo isso que eles entregaram. Quase nada, aliás.

Por isso, quando a mesma Square Enix anunciou que estava desenvolvendo um jogo de Guardiões da Galáxia, devo dizer que não fiquei muito empolgado. O tempo passou, o jogo chegou e devo dizer que Guardiões da Galáxia é um dos jogos mais divertidos de 2021.

E como sempre fujo do lugar comum ao falar de jogos, quero ressaltar uma fala Rocky em certo ponto do jogo que exprime bem meu sentimento neste texto:

"Nenhum de nós é perfeito. É nosso charminho!"

Bem, mas antes de me aprofundar no que pra mim é o destaque do jogo, deixa eu tirar umas paradas da frente. Guardiões da Galáxia não inova em nada e nem precisa disso. É um jogo single player, dividido em capítulos, onde você controla os “maiores heróis” da galáxia: Senhor da Estrelas (Peter Quill), ‘Drax, O Destruidor’, Gamora, Groot e Rocky. Você controla as ações de Peter Quill, tanto nas batalhas quanto em um sistema de escolha simples que guia a história para variações nas ações. Os outros personagens são suporte, mas você pode evoluir diversas habilidades de todos eles, o que pode gerar combos maneiros, regados a muito Rock’n’Roll. Dizer que a jogabilidade é dinâmica vai soar um pouco vago, mas é o que é. Não há muitos entraves, conforme vai jogando você pega o ritmo frenético das batalhas, que são uma das partes mais legais do jogo. Além das habilidades das personagens, você também pode juntar componentes e melhorar os equipamentos do Senhor das Estrelas. E há muitas skins para você caçar escondidas nos cenários, além de coletáveis que contam um pouco mais sobre a história ou que criam novas interações entre as personagens. Já a trilha sonora fica no lugar comum já estabelecida pelos filmes, focada no Rock e sucessos dos anos 80. O destaque aqui fica para a criação da banda fictícia Star-Lord (Senhor das Estrelas), que serve de inspiração para Peter Quill usar como seu nome de herói galáctico. Foram gravadas diversas músicas exclusivas para compor o álbum da banda no jogo. 

Tudo isso combinado é extremamente divertido e funciona muito bem. Não houve nenhum momento no jogo onde me senti frustrado ou querendo largar o controle. Tá, talvez nas telas de loading, mas eu estava jogando Playstation 4, imagino que no PC e consoles de nova geração o SSD dê um jeito nisso.

Mas o melhor do jogo de Guardiões da Galáxia não é a jogatina em si e sim os sentimentos que ele aborda, mesmo que superficialmente - afinal é uma obra de super-heróis, né? Então, se me permitirem, deixa eu falar um pouco mais sobre esse grupo de desajustados, que se tornou uma família disfuncional, mas que cuida das feridas uns dos outros e ainda salvam o universo.

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Do Zero ao Herói

Sou fã de HQs, leio desde pequeno: Turma da Mônica, Homem-Aranha, Batman, Zagor, Conan, Tio Patinhas, já li um pouquinho de tudo. Acabei me voltando mais para os quadrinhos da DC quando mais velho, mas ainda curtia alguns heróis da Marvel. Mas Guardiões da Galáxia não fazia parte. Nunca nem caiu na minha mão um gibi deles. Então, como a maioria das pessoas que estão lendo esse texto, a versão que eu fui conhecer é a do cinema. Partindo daí não posso julgar o quão fiel a história contada no jogo é aos personagens originais. Mas devo dizer, que entre os dois filmes e o game, a melhor está na última.

Para quem já viu os filmes tudo será muito familiar - inclusive a versão dublada em português brasileiro é com os dubladores das personagens no filme. Então não espere uma história de origem - embora tenhamos flashes aqui e ali - mas uma nova aventura única com vários personagens do universo de Guardiões da Galáxia.

E se aproveitando dessa familiaridade com as personagens criadas pelo cinema, temos no jogo a possibilidade de nos aprofundar em aspectos relacionados à personalidade deles. Mais especificamente nos seus traumas. E é isso que engrandece o jogo.

A trama se desenrola tendo uma igreja que adora um deus corrompido, que promete aquilo que seus adoradores mais desejam e se alimenta de seus desejos. Com isso, temos nossos heróis atravessando o espaço, indo a vários planetas, enfrentando perigos e estabelecendo alianças para tentar vencer esse deus cósmico.

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Entretanto, a promessa da “cura” de seus traumas é tentadora demais. Todos os tripulantes da Milano (nave dos Guardiões), são pessoas com um passado tenebroso. Atos cometidos por eles ou contra eles os levaram a ser o que são; esses desajustados, como eles se autoproclamam. Durante o desenrolar da jogatina vamos nos aprofundando em suas histórias e vendo como suas almas e corpos foram quebrados: perda de familiares, tortura fisica e psicologica, rejeição, traições…

A aventura que vivemos com eles nos leva a acompanhar a superação ou pelo menos a aceitação dessas dores. Eu, enquanto jogava, passava (ainda passo) por um período assim, me sentindo quebrado e sem utilidade. Mas enquanto eles avançavam e enfrentavam esses desafios, seus amigos - que se tornaram a sua família - estão ali, ao seu lado, os apoiando, haja o que houver. E comigo também tem sido assim, com família e amigos sempre me dando suporte. Mesmo quando quero explodir tudo como o Rocky, dar uma de herói inconsequente como o Senhor das Estrelas ou partir para uma morte gloriosa em batalha como Drax. Então tenho tentando meditar mais como a Gamora e ser mais calmo e prestativo como o Groot.

Guardiões da Galáxia nos mostra que apesar dos seus erros e defeitos, ainda podemos nos unir para fazer algo de bom: como salvar o universo, por exemplo. E não socumbir a promessas falsas de líderes mitológicos.

E, se nada do que eu escrevi aqui faz sentido pra você, porque isso “é só um joguinho”, então:

QUE SE FLARC!

Guardiões da Galáxia está disponível para Playstation 5, Playstation 4, Xbox One, Xbox Series X|S, PC e Nintendo Switch.

[ twitter @eddyvenino]

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