Pela 33ª vez consecutiva, o Banco Central aumenta a estimativa para a inflação em 2021. O valor pode chegar a 10,12%, segundo a projeção. O aumento nos preços impacta diretamente na sociedade. Um dos setores prejudicados é o de organizações que ajudam na alimentação da população de rua.
A professora Sônia Aparecida coordena há quatro anos as ações do Projeto Celebrar, que entrega de marmitas para a população de rua em bairros da Zona Oeste de São Paulo e em parte da Região Metropolitana.
Desde que os preços começaram a subir, ela precisou escolher: mudar o cardápio ou reduzir o número de refeições distribuídas. Sonia conta que teve que substituir as marmitas de arroz e frango por macarrão e salsicha para continuar atendendo grupos vulneráveis.
Aproximadamente 124 mil pessoas vivem nas ruas da Região Sudeste do Brasil. Só 24 mil estão na cidade de São Paulo, de acordo com o último censo da prefeitura, porém, os movimentos dizem que esse número pode ser três vezes maior.
As ONGs não conseguem atender todo mundo e a projeção é de que atendam cada vez menos gente.
As projeções para 2022 são melhores, mas não tão animadoras: de acordo com o último Boletim Focus, divulgado pelo Banco Central, a inflação deve chegar a 4,96% no próximo ano.
José Carlos, da ONG Horizonte Amor e Paz, trabalha com a população de rua há 8 anos.Já enfrentou outros momentos difíceis na atuação voluntária e se emociona ao contar, mas garante que não pensa em parar.
Desde o início da pandemia, os voluntários relatam um aumento de pessoas que dependem da alimentação distribuída pelas ONGs. Eles notam também uma mudança de perfil de quem entra na fila da marmita: há cada vez mais mulheres e famílias com crianças.