Brasil pode se espelhar em outros países para diminuir preço dos combustíveis

Diversas nações agiram para conter a alta do petróleo internacional no preço pago pelo consumidor

BandNews FM

Os especialistas avaliam, ainda, que o Brasil poderia se espelhar nos EUA Marcelo Camargo / Agência Brasil
Os especialistas avaliam, ainda, que o Brasil poderia se espelhar nos EUA
Marcelo Camargo / Agência Brasil

Fundos de estabilização, redução de impostos e concessão de subsídios temporários. Essas são alternativas encontradas por alguns países para frear o avanço dos preços dos combustíveis.

O brasileiro Gabriel Motta mora em Getafe, perto de Madrid, na Espanha. Ele conta que o litro da gasolina custava perto de € 1,50 antes da guerra na Ucrânia; depois, chegou a passar de € 2.

O governo local resolveu intervir diretamente: "está sendo pago 20 centavos de euro para cada litro. Isso deu uma segurada na diferença, apesar de estar oscilando bastante. Na semana passada, por causa do subsídio, cheguei a pagar menos do que antes da guerra", disse ele.

Na Colômbia, o subsídio alivia muito o bolso do consumidor, mas a conta é alta, explica o jornalista Juan Ortiz. O editor do Giro Latino diz: "o colombiano paga cerca de R$ 3 por litro no preço da gasolina. Mas esse valor poderia dobrar ou triplicar sem o subsídio do governo. O problema é que o fundo que garante essa contrapartida tem um rombo nas contas de R$ 17 bilhões e pode chegar a R$ 30 bilhões até o final do ano".

O jornalista argentino Carlos Turdera explica que, no país, o combustível também é subsidiado pela Casa Rosada. Isso acaba mantendo o preço mais baixo do que no Brasil. No entanto, com a crise inflacionária, a escalada no valor da gasolina acaba passando despercebida: “A gasolina na Argentina está subsidiada. Para se ter uma ideia do aumento, o litro de gasolina no início do ano estava a 96 pesos (4 reais e 20 centavos). Agora, o litro está valendo 114 pesos (4 reais e 90 centavos). A Argentina vive um período inflacionário há anos. O aumento dos combustíveis, mesmo de 20% no primeiro trimestre, fica mascarado pela inflação que as pessoas vivem diariamente. Em março, foi de 55% anual. O aumento dos combustíveis, ainda mais subsidiado pelo governo, passa quase despercebido. Essa escalada de preços está no contexto do acordo que o governo da Argentina fez com o Fundo Monetário Internacional que determina uma política de preços transparente e metas fiscais que raramente foram atingidas na história do país".

Outra opção está no fundo de estabilização para acumular reservas a serem usadas para compensar grandes elevações.

O presidente do Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás, Eberaldo de Almeida, cita Portugal como exemplo para explicar que a gestão desses recursos é difícil.

Na América Latina, o Chile já contava com esse sistema de compensação desde antes da crise. Eberaldo de Almeida avalia que os ganhos são limitados e que dificilmente se aplicariam no Brasil.

Para o Brasil, o economista e Doutor em Relações Internacionais pela Universidade de Lisboa Igor Lucena aposta nos subsídios a setores específicos. Isso seria possível sem alterar a política de preços da Petrobras.

Os especialistas ouvidos pela BandNews FM avaliam, ainda, que o Brasil poderia se espelhar nos Estados Unidos.

Os americanos estimulam a chegada de investimentos estrangeiros e uma dinâmica competitiva no setor. Na atual crise, o governo de Joe Biden vem liberando petróleo das reservas de emergência.

Por fim, a simplificação tributária seria fundamental para dar mais maleabilidade em momentos de crise.

Confira a reportagem de Bruno Capozzi: