O Ministério da Saúde ainda não se manifestou sobre um vídeo em que a secretária de Gestão e Trabalho, Mayra Pinheiro, aparece pedindo ajuda para formular perguntas que pudessem ser enviadas a senadores da base aliada na CPI da Pandemia. Na gravação, obtida pelo The Intercept Brasil nesta quarta-feira (21), a médica – conhecida como Capitã Coloroquina – passa por uma espécie de treinamento por videoconferência antes de ser ouvida pela comissão, em maio.
No vídeo, Mayra Pinheiro conversa com o secretário de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde, Hélio Angotti Neto, e o pesquisador e biólogo Régis Bruni Andriolo, defensor da hidroxicloroquina – que não tem eficácia no tratamento da Covid-19.
“A gente tem um grupo que nos apoia, que reconhece o nosso trabalho, e esse grupo precisa fazer perguntas que nos ajudem no nosso discurso. Então, que perguntas eu posso dar pra esses senadores fazerem à mim. Eles chutam para eu fazer o gol.”, disse Mayra para o biólogo Régis Andriolo.
Mayra Pinheiro ainda pergunta se existiria uma bala de prata para levar à CPI e comprovar a eficácia do chamado “kit covid”. No entanto, a própria secretária e o biólogo Régis Bruni Andriolo admitem que os estudos que poderiam ser indicados não tinham metodologia adequada.
VIAGEM PARA DIFUNDIR O TRATAMENTO PRECOCE
Outros documentos obtidos pela CPI da Pandemia apontam que, no auge da crise no Amazonas, o Ministério da Saúde bancou a viagem de 11 médicos para orientar profissionais da saúde a receitar remédios sem eficácia comprovada no tratamento da Covid-19.
Á frente da operação estava exatamente a secretária de Gestão e Trabalho, Mayra Pinheiro, e, depois de alguns dias, o grupo fez um relatório que foi enviado ao secretário de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos, Hélio Agnotti.
Um dos médicos que participaram da comitiva, Gustavo Vinicius Pasquarelli, relatou a resistência de colegas para prescrever os medicamentos do chamado “kit covid” e sugeriu a criação de tendas de tratamento precoce.
Outro médico, Luciano Dias Azevedo, apontado como responsável por elaborar a proposta de incluir a Covid na bula da cloroquina, chega a defender que enfermeiros passassem a prescrever os remédios.
Procurado, o Ministério da Saúde não afirmou se as sugestões foram acatadas.