Entenda os motivos da disparada do dólar no Brasil

Juliana Rosa explica o motivo da moeda norte-americana bater o maior valor desde janeiro de 2023

BandNews FM

O dólar atingiu a cotação de R$ 5,29 na última quarta-feira (6), o maior valor para a moeda norte-americana desde janeiro de 2023. Em 2024, a moeda já soma um aumento de 9,24%.  

Para Juliana Rosa, analista de economia da BandNews FM, a disparada do dólar era de certa forma esperada, já que o Federal Reserve, o Banco Central dos EUA, parece resistente em cortar rapidamente a taxa básica de juros do país, gerando inquietação do mercado.  

Apesar dos fatores externos, o valor elevado também reflete o temor dos investidores com a capacidade do governo em controlar as contas internas, segundo a analista.  

“O dólar sobe não só no Brasil, mas no resto do mundo, mas o que o Luis Otávio Leal, um economista que eu estava conversando, falou é que, se o dólar tivesse acompanhado só o que tá acontecendo nos Estados Unidos, era para ele estar na casa dos R$4,87, mais ou menos, não R$ 5,30. Então essa diferença é tudo em fator interno”, disse Juliana Rosa.  

Os juros nos EUA segue na faixa entre  5,25% a 5,50% desde julho de 2023, em uma tentativa de contar a inflação do país após o fim da pandemia.  

No caso interno, o problema está na promessa do governo brasileiro em manter um “déficit zero” nas contas públicas para 2024. A meta dificilmente será cumprida, com a estimativa sendo de um déficit de 0,5% neste ano.  

Segundo a analista, os investidores ficam receosos mesmo com um valor baixou na diferença, dada a dívida acumulada do País.  

“Eles acham que a gente tá com uma dívida hoje muito acima da dívida de outros países emergentes, que é o que a gente tem que comparar hoje. Isso, com carga tributária é muito alta e num cenário internacional também de incerteza, a gente fica vulnerável”, explicou.  

Juliana Rosa explica que o problema maior nem é tanto o valor da dívida, mas sim a mensagem que passa ao não cumprir com o compromisso de controlar as contas públicas.

“O que acontece é que a mulher de César ,ão basta ser honesta, tem que parecer honesta também. O governo fala: 'Olha eu estou na mesma estrada, o meu destino final é lá entregar um equilíbrio das contas públicas', mas no meio do caminho você tem tempestade. Você não é você tem que parar às vezes para trocar um pneu. O governo tenta mostrar: 'Olham não significa que desviei da estrada. Eu continuo perseguindo o equilíbrio das contas'.  O mercado fala: 'Será?”, afirmou.  

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