Os governos dos Estados Unidos e do Reino Unido elogiaram a decisão do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, de adiar o projeto que prevê a reforma do Judiciário do país. “Damos as boas-vindas a este anúncio como uma oportunidade para criar tempo e espaço adicionais para um compromisso. Um compromisso é exatamente o que temos pedido”, disse a secretária de imprensa da Casa Branca Karine Jean-Pierre.
As autoridades americanas e britânicas demonstraram preocupação com a proposta, que, entre outros pontos, determina que o Parlamento pode alterar decisões do Tribunal Supremo israelense.
A decisão do governo de Israel foi tomada nesta segunda-feira (27) após dias de intensos protestos populares e críticas de que a proposta colocaria a democracia do país em risco. Em pronunciamento, Netanyahu disse que o adiamento acontece porque há uma "vontade de se alcançar um consenso" sobre a reforma do judiciário.
Os líderes da greve geral em Israel disseram que os protestos no país serão retomados caso o primeiro-ministro volte com a ideia de reformar o Judiciário sem consentimento da população. No entanto, Netanyahu deixou claro que o projeto não foi abandonado.
Nesta segunda, o aeroporto Ben Gurion, em Tel Aviv, o principal de Israel, cancelou todos os voos por causa dos protestos.
A pressão também era interna. No domingo (26), Netanyahu exonerou o ministro da Defesa, Yoav Galant, que havia pedido uma pausa de um mês nas discussões sobre a proposta.
Em um discurso no sábado (25), o ministro exonerado, que pertence ao mesmo partido de Netanyahu, o conservador Likud, disse temer que a divisão sobre a reforma crie uma "ameaça real para a segurança de Israel". O presidente israelense, Isaac Herzog, também pediu uma pausa imediata do pacote de reformas "pelo bem da unidade do povo de Israel".
Também nesta segunda, o governo sobreviveu a uma moção de censura no Parlamento. Foram 51 votos a favor da queda do governo e 60 contra, dando aval para que Netanyahu siga no cargo.
O premiê e seus aliados ultraortodoxos e de extrema direita defendem a reforma do Judiciário e dizem que a correlação de forças entre as autoridades eleitas e a Suprema Corte deve ser reequilibrada.