A variante Ômicron pode significar o começo do controle da pandemia de Covid-19, segundo a avaliação da pneumologista da Fiocruz Margareth Dalcomo. A médica afirmou em entrevista à BandNews FM nesta segunda-feira (03) que a característica das viroses respiratórias é elas se tornarem menos letais e menos capazes de causar doenças severas, como parece ser o caso da nova cepa descoberta inicialmente na África do Sul e que já circula no Brasil.
“Ela [a variante] está cumprindo um papel historicamente muito relacionado a viroses de transmissão respiratória. Então, é possível que a pandemia esteja perdendo a força pelo aparecimento de uma variante muito transmissível, porém, menos letal”, afirmou.
Margareth Dalcomo reforçou, porém, que para o controle da pandemia é essencial que se alcance um porcentual de população vacinada no mundo que ainda está distante.
No caso do Brasil, a pneumologista afirmou que a situação é razoavelmente confortável porque a população sabe da importância da vacinação. Mais de 67% dos brasileiros estão plenamente vacinados com as duas doses, mas é preciso avançar na aplicação da dose de reforço, aplicada em mais de 26 milhões de brasileiros, cerca de 12% da população.
“Eu creio que nós teremos muitos casos [da nova variante] no Brasil, mas não creio que teremos pressão no sistema de saúde no sentido de precisar internar. Não creio que teremos mortes, a não ser em situações de uma comorbidade prévia.”
A médica da Fiocruz ainda pontuou que a cepa original do coronavírus causava pneumonias, que desencadeavam em tromboses e embolias - causas de mortes de muitos pacientes. Já a Ômicron tem características peculiares, com sintomas nas vias aéreas superiores e muito menos letal.
“Por isso os testes têm carga viral alta, porém, nós não temos internados pacientes, mesmo os mais idosos, até o momento pelo menos, com quadro de pneumonia grave. Completamente diferente das cepas anteriores”, disse a médica.
Dalcomo entende como plausível a divulgação de casos de pacientes contaminados com a influenza e com o coronavírus. Isso porque a cepa Ômicron e a nova variante da gripe (a H3N2 variante Darwin) apresentam sintomas muito semelhantes como coriza, dor de garganta e febre.
A médica recomenda que todos façam os testes para o diagnóstico e o estabelecimento do isolamento, que não é menor do que sete dias.