Polícia do Rio afirma não comemorar mortes de criminosos em favela da Zona Norte

Um policial civil também morreu na operação, uma das mais letais da história do estado

BandNews FM

Operação da Polícia Civil do RJ resultou em 25 óbitos na favela de Jacarezinho Gustavo Sleman/BandNews FM Rio
Operação da Polícia Civil do RJ resultou em 25 óbitos na favela de Jacarezinho
Gustavo Sleman/BandNews FM Rio

A Polícia Civil do Rio de Janeiro diz que não está "comemorando" o saldo de 24 criminosos mortos durante uma operação na comunidade do Jacarezinho, na Zona Norte da capital fluminense, que também vitimou um policial, nesta quinta-feira (06).

As investigações que deram base para a operação duraram cerca de 10 meses. Segundo o delegado Rodrigo Oliveira, criminosos que vivem na favela aliciavam filhos de trabalhadores para o tráfico na região.

O delegado Felipe Curi, chefe do Departamento-Geral de Polícia Especializada, disse que os grupos estavam preparados com barricadas. O objetivo da polícia, de acordo com ele, foi o de garantir o direito de quem vive "sob a ditadura do tráfico".

Os investigadores afirmaram ainda que o policial civil morto na ação foi atingido por um tiro disparado de uma seteira [abertura em concreto], o que indicaria que os alvos vinham se preparando há algum tempo.

Nas redes sociais, moradores indicaram que a ação policial foi truculenta e desproporcional. Uma foto que circula nas redes sociais aponta que um dos mortos estava desarmado e teria sinais de execução por morreu sentado e com um tiro na cabeça.

A Polícia Civil disse que investiga as denúncias.

A Defensoria Pública do Rio esteve na favela e conversou com moradores e testemunhas para levantar informações sobre possíveis abusos.

Os delegados da Polícia Civil negaram que tenham descumprido ordens judiciais que impediriam o uso de helicópteros e de operações em comunidades, pois justificam que a operação foi baseada em decisão judicial, que está em sigilo.

Um morador da comunidade, dois agentes da Polícia Civil e dois passageiros do metrô também ficaram feridos durante o tiroteio entre policiais e traficantes. As vítimas que estavam no transporte foram atingidas quando a composição passava entre as estações de Maria da Graça e Triagem. Os trilhos do metrô margeiam a favela de Jacarezinho.

Em nota, “O Governo do Estado do Rio de Janeiro lamenta as vidas perdidas na operação da Polícia Civil, nesta quinta-feira (6/5), no Jacarezinho. A ação foi pautada e orientada por um longo e detalhado trabalho de inteligência e investigação, que demorou dez meses para ser concluído. Para garantir a transparência e a lisura da operação, todos os locais de confrontos e mortes foram periciados. É lastimável que um território tão vasto seja dominado por uma facção criminosa que usa armas de guerra para oprimir milhares de famílias”.