A Polícia Civil do Rio de Janeiro diz que não está "comemorando" o saldo de 24 criminosos mortos durante uma operação na comunidade do Jacarezinho, na Zona Norte da capital fluminense, que também vitimou um policial, nesta quinta-feira (06).
As investigações que deram base para a operação duraram cerca de 10 meses. Segundo o delegado Rodrigo Oliveira, criminosos que vivem na favela aliciavam filhos de trabalhadores para o tráfico na região.
O delegado Felipe Curi, chefe do Departamento-Geral de Polícia Especializada, disse que os grupos estavam preparados com barricadas. O objetivo da polícia, de acordo com ele, foi o de garantir o direito de quem vive "sob a ditadura do tráfico".
Os investigadores afirmaram ainda que o policial civil morto na ação foi atingido por um tiro disparado de uma seteira [abertura em concreto], o que indicaria que os alvos vinham se preparando há algum tempo.
Nas redes sociais, moradores indicaram que a ação policial foi truculenta e desproporcional. Uma foto que circula nas redes sociais aponta que um dos mortos estava desarmado e teria sinais de execução por morreu sentado e com um tiro na cabeça.
A Polícia Civil disse que investiga as denúncias.
A Defensoria Pública do Rio esteve na favela e conversou com moradores e testemunhas para levantar informações sobre possíveis abusos.
Os delegados da Polícia Civil negaram que tenham descumprido ordens judiciais que impediriam o uso de helicópteros e de operações em comunidades, pois justificam que a operação foi baseada em decisão judicial, que está em sigilo.
Um morador da comunidade, dois agentes da Polícia Civil e dois passageiros do metrô também ficaram feridos durante o tiroteio entre policiais e traficantes. As vítimas que estavam no transporte foram atingidas quando a composição passava entre as estações de Maria da Graça e Triagem. Os trilhos do metrô margeiam a favela de Jacarezinho.
Em nota, “O Governo do Estado do Rio de Janeiro lamenta as vidas perdidas na operação da Polícia Civil, nesta quinta-feira (6/5), no Jacarezinho. A ação foi pautada e orientada por um longo e detalhado trabalho de inteligência e investigação, que demorou dez meses para ser concluído. Para garantir a transparência e a lisura da operação, todos os locais de confrontos e mortes foram periciados. É lastimável que um território tão vasto seja dominado por uma facção criminosa que usa armas de guerra para oprimir milhares de famílias”.