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Policiais de SP criticam representação da categoria em fantasia do Vai-Vai

Segundo o Sindicato dos Delegados de Polícia dos Estados de São Paulo, escola de samba “demoniza” agentes públicos

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O Sindicato dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo criticou o desfile do Vai-Vai, que passou pelo Sambódromo do Anhembi contando a história do hip-hop. Em nota de repúdio divulgada nesta terça-feira (13), o presidente do Sindpesp, Jacqueline Valadares, afirma que a fantasia confeccionada para a ala "Sobrevivendo no Inferno" “demoniza” policiais e agentes da Tropa de Choque.

Com tintas de spray, batidas de DJs e rimas de slam, o Vai-Vai levou um manifesto em preto e branco para a avenida do Sambódromo do Anhembi, com o samba-enredo “Capítulo 4, versículo 3 – Da rua e do povo, o hip hop: um manifesto paulistano”. O desfile foi uma homenagem à história do hip hop, em celebração aos 50 anos dele, e contou com a participação de Mano Brown e KL Jay. E, assim como o Carnaval, a escola de samba paulistana fez críticas sociais.

Em nota, o Sindpesp afirma que “ao adotar tal enredo, a escola de samba, em nome do que chama de ‘arte’ e de liberdade de expressão, afronta às forças de segurança pública”. A categoria espera que a Vai-Vai reconheça que “exagerou e incorreu em erro na ala em questão, e se retrate publicamente”. "Não estamos falando, afinal, apenas dos policiais, sejam civis ou militares, mas, sobretudo, de uma instituição de Estado que representa e está a serviço de toda a sociedade bandeirante."

Sobre o desfile realizado durante a segunda noite do carnaval paulistano no sábado (10), a maior campeã Vai-Vai, por meio de sua assessoria, diz que ao longo do desfile fez uma série de recortes históricos, como a semana de arte de 1922 e o lançamento do álbum “Sobrevivendo no Inferno”, dos Racionais MC's, em 1997.

“A ala retratada no desfile de sábado, da escola de samba Vai-Vai, à luz da liberdade e ludicidade que o Carnaval permite, fez uma justa homenagem ao álbum e ao próprio Racionais Mc's, sem a intenção de promover qualquer tipo de ataque individualizado ou provocação, mas sim uma ala, como as outras 19 apresentadas pela escola, que homenageia um movimento”.

Ainda em seu posicionamento, a escola diz que, neste recorte histórico da década de 90, a segurança pública no estado de São Paulo era uma questão importante e latente, com índices altíssimos de mortalidade da população negra e periférica. “Além disso, é de conhecimento público que os precursores do movimento hip hop no Brasil eram marginalizados e tratados como vagabundo, sofrendo repressão e, sendo presos, muitas vezes, apenas por dançarem e adotarem um estilo de vestimenta considerado inadequado para época. Ou seja, o que a escola fez, na avenida, foi inserir o álbum e os acontecimentos históricos no contexto que eles ocorreram, no enredo do desfile”.

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