Dezoito pessoas morreram, nesta quinta-feira (21), durante uma operação no Complexo do Alemão, na Zona Norte do Rio. Entre os mortos, está Letícia Marinho Sales, de 50 anos, que foi atingida enquanto estava no carro tentando sair da comunidade.
De acordo com o namorado da vítima, uma policial militar atirou contra o veículo onde o casal e um primo estavam quando seguiam para a casa de uma parente, na Penha, para fugir do tiroteio. Eles teriam sido alvo dos tiros mesmo em um carro com os vidros abertos. O primo do namorado de Letícia, identificado apenas como Jayme, que foi ferido por estilhaços, disse que não havia confronto no momento da morte.
A Polícia Civil investiga o caso. A PM afirma que colabora com as investigações. Um policial militar também morreu após traficantes atacarem a base da UPP Nova Brasília. O cabo Bruno de Paula Costa, de 38 anos, chegou a ser socorrido ao Hospital Estadual Getúlio Vargas, mas não resistiu. O militar estava na corporação desde 2014 e deixa a esposa e dois filhos. O Portal dos Procurados agora busca por informações para tentar identificar quem matou o policial.
A Polícia ainda tenta identificar outros 16 mortos. Pelo menos mais duas pessoas ficaram feridas e foram levadas para a UPA da região. Uma delas continua na unidade com quadro de saúde estável. A outra foi transferida para o Hospital Estadual Getúlio Vargas. Em coletiva realizada na noite desta quinta-feira (21), as polícias Civil e Militar disseram que a ação no Alemão, que durou mais de 10 horas, foi desencadeada por informações sobre o deslocamento de pelo menos 100 homens entre comunidades. Cinquenta deles iriam para a favela da Rocinha, na Zona Sul do Rio. Eles ainda usariam fardas do Batalhão de Operações Especiais da PM e da Coordenadoria de Recursos Especiais, da Polícia Civil.
Segundo as forças de segurança, as barricadas instaladas pelos bandidos atrapalharam muito a ação da Polícia. Foram usados materiais pesados e até táticas de guerrilha. Os criminosos chegaram a jogar óleo em ladeiras para atrapalhar o deslocamento das equipes e orientaram a população a servir de escudo. Os bandidos também teriam pedido que mototaxistas de outras localidades fossem para o Alemão. A polícia atuou nos acessos para impedir que eles entrassem na comunidade. Mais de 48 motos foram apreendidas.
De acordo com a Defensoria Pública do Rio e a Ordem dos Advogados do Brasil, há denúncias de violação de casas e agressões a moradores. As polícias afirmaram que as informações serão averiguadas, mas que ações como essa são muito impactadas pela divulgação do que chamaram de fake news.
Apesar de a Polícia Rodoviária Federal ter afirmado em nota oficial que não participou da ação, os representantes das Polícias Civil, Militar e Penal disseram que a corporação estava, sim, dando apoio. Mais de 400 policiais participaram da ação que teve como objetivo prender foragidos da Justiça, desarticular quadrilhas de assaltantes e impedir invasões contra favelas onde atuam traficantes rivais.
O confronto entre bandidos e policiais começou por volta das 5h30 desta quinta-feira (21). Diversos veículos blindados e até mesmo um helicóptero usado pelos policiais foram alvo de disparos. Unidades de saúde tiveram o funcionamento interrompido e trajetos de linhas de ônibus foram alterados. O governador do Rio, Cláudio Castro, se manifestou nas redes sociais dizendo que entrou em contato com o ministro da Justiça, Anderson Torres. Castro disse vai enviar os resultados da investigação à pasta para que os criminosos sejam conduzidos para presídios federais.