Adolescentes denunciam que foram alvo de racismo na Ilha do Governador

As jovens ainda teriam sido impedidas de sair da Enfoque Papelaria por um funcionário

Por João Boueri

A Polícia Civil investiga um possível caso de racismo em uma papelaria do shopping Reprodução/Redes Sociais
A Polícia Civil investiga um possível caso de racismo em uma papelaria do shopping
Reprodução/Redes Sociais

A Polícia Civil investiga um possível caso de racismo em uma papelaria no Ilha Plaza Shopping, na Ilha do Governador, na Zona Norte do Rio. Na sexta-feira (23), duas adolescentes foram acusadas de furtar uma caneta do estabelecimento comercial. As jovens ainda teriam sido impedidas de sair da Enfoque Papelaria por um funcionário, mesmo depois de abrirem as bolsas para mostrar que não estavam em posse do objeto. As menores devem comparecer à delegacia da região que investiga o caso nesta quinta-feira (29).

A servidora pública Andréa de Oliveira disse que a filha de 12 anos estava com uma amiga de 13 na papelaria, quando começaram a ser seguidas por um funcionário que chegou a levar as adolescentes para um canto da loja para a revista. Além disso, a mãe da vítima disse que o gerente da loja ofereceu um brinde assim que os policiais chegaram para que a história não fosse repassada aos agentes.

"Esse vendedor ficou seguindo elas, quando as crianças notaram que estavam sendo seguidas, tentaram sair da loja. Mas, ele impediu a saída coagindo elas. Era um rapaz grande e forte, que intimidou as meninas. Ele acusou a minha filha e a colega de terem furtado uma caneta, mas isso não aconteceu. Quando o policial chegou, o gerente ofereceu um brinde pra ficarmos em silêncio. Se trata de um caso de racismo. Eram duas meninas negras sozinhas. Acharam que elas entraram para furtar. Tinha várias meninas brancas, que não foram revistadas."

Uma das vítimas, de 12 anos, disse que o funcionário começou a seguir as jovens de uma forma estranha. A adolescente, que teve a identidade preservada, contou que estava testando a caneta no papel e, quando foram sair da loja, foram encurraladas pelo homem.

“A gente estava no shopping com a minha mãe, a amiga dela e a minha amiga. Estávamos na loja da papelaria, quando estávamos experimentando as canetas no papel e um funcionário começou a nos seguir de uma forma estranha. A gente tentou sair da loja e ele começou a encurralar a loja e mandou a gente abrir as bolsas. E mesmo sem ter achado a caneta, ele não se deu por satisfeito e não deixou a gente sair. Eu não sei o que teria acontecido se as nossas mães não tivessem chegado na hora.”


Em nota, a defesa da Enfoque Papelaria negou que tenha ocorrido qualquer crime de racismo. Além disso, a nota enviada fala que 60% dos funcionários são notoriamente negros e que os funcionários mais antigos, com mais de duas décadas de carteira assinada, são negros. O advogado do estabelecimento disse que aguarda a convocação da Polícia Civil para colaborar com a investigação e que os responsáveis pela denunciação caluniosa devem ser punidos.

Já o Ilha Plaza Shopping afirmou que tem como prioridade o bem-estar dos seus clientes e entende que quaisquer atitudes preconceituosas devem ser combatidas por todos. Solicitamos, pelo canal que nos foi aberto, via Instagram, o contato da responsável, mas não obtivemos retorno. O shopping reitera que não compactua com o episódio ocorrido dentro da loja, lamenta por ele e reforça a total disponibilidade às clientes e às autoridades.

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