A desigualdade social nas metrópoles brasileiras diminuiu de 2020 para 2021, mas os mais pobres ainda não recuperaram a renda do início da pandemia de Covid-19. A conclusão é do último boletim do Observatório das Metrópoles, em parceria com a PUC do Rio Grande do Sul e o Observatório da Dívida Social na América Latina.
De acordo com o estudo, a desigualdade registrada nos últimos três meses de 2021 foi a mesma do primeiro trimestre de 2020, antes de serem sentidos os efeitos da pandemia. A diferença é medida pelo coeficiente de Gini: quanto mais próximo de 1, maior a desigualdade. O valor registrado nos períodos foi de 0,602.
A renda média per capita do trabalho dos 40% mais pobres subiu de R$ 195 no fim de 2020 para R$ 239 no fim do ano passado. Apesar disso, o valor não chega àquele registrado no começo de 2020 e ainda é muito baixo para o sustento das famílias. O estudo mostrou, por exemplo, que no quarto trimestre de 2021, 26,7% das crianças de até cinco anos nas regiões metropolitanas viviam em lares com rendimentos do trabalho inferiores a um quarto do salário-mínimo per capita.
A camelô Nilzete Carolini mora no Morro da Providência, no Centro, com o marido e os dois filhos. O casal trabalha vendendo frutas na rua na Zona Norte. O que eles recebem dá menos de R$ 200 por pessoa.
Ao mesmo tempo, a média dos rendimentos dos 10% mais ricos chegou ao pior nível desde 2012, quando começou a série histórica: R$ 6.424. A renda média de todos os estratos sociais ficou em R$ 1.378.
O economista e pesquisador do Observatório Marcelo Ribeiro afirma que a situação é decorrente da alta inflação e baixo crescimento da atividade econômica.
O Rio de Janeiro é a quarta metrópole com maior desigualdade. Em primeiro lugar, está João Pessoa, seguida de Recife e Natal. Belém aparece em quinto lugar.