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Brics deve ter papel limitado na invasão da Rússia à Ucrânia

Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul negociam tratados comerciais e também de cooperação com vistas a aumentar o crescimento econômico

Gustavo Sleman

Invasão pode representar o rompimento, mesmo que informal, do BRICS
Invasão pode representar o rompimento, mesmo que informal, do BRICS
Escritório Presidencial da Ucrânia

Apesar da relação comercial entre os países que fazem parte do Brics, o grupo deve ter um papel limitado em possíveis diálogos e decisões a respeito da invasão da Rússia à Ucrânia. A opinião é de especialistas ouvidos pela reportagem da BandNews FM. No entanto, eles acreditam que o episódio pode representar uma cisão do coletivo. Isso porque os integrantes da aliança já vêm atuando nos últimos anos de forma cada vez mais autônoma.

O professor de Relações Internacionais da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Fernando Brancoli, destaca que o conflito entre os países europeus expôs ainda mais as diferentes opiniões de Brasil, Índia, China, Rússia e África do Sul.  

Outro ponto levantado pelos especialistas é o diferencial do Brics em relação a blocos e associações internacionais, já que o grupo não possui como características o referencial geopolítico e a materialidade.  

Porém, para o coordenador de Relações Internacionais do Ibmec RJ, José Niemeyer, a Rússia pode se utilizar da estrutura do grupo e da proximidade com a China como pontos estratégicos.

Na análise da coordenadora do BRICS Policy Center da PUC-Rio, Ana Garcia, a China pode aproveitar o cenário para se fortalecer. Segundo ela, a tendência é que os países mantenham uma posição neutra.

Já para o analista sênior da Control Risks, Mário Braga, países do ocidente, como Estados Unidos, podem pressionar os demais integrantes do grupo na busca de isolar a Rússia.

Para o professor de Relações Internacionais da UFRJ, Fernando Brancoli, a invasão pode representar o rompimento, mesmo que informal, do BRICS.

A coordenação entre Brasil, Rússia, Índia e China começou de maneira informal em 2006, com uma reunião de trabalho. Foi só três anos depois que os chefes de Estado e de Governo passaram a se reunir anualmente, formando uma nova entidade político-diplomática. A África do Sul só passou a fazer parte do grupo em 2011.

Embora os cinco não sejam um bloco político e nem uma aliança de comércio formal ou militar, os países negociam tratados comerciais e também de cooperação com vistas a aumentar o crescimento econômico.

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