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Caso Moïse: Presos negam intenção de matar jovem congolês

Os três homens foram ouvidos pela Polícia Civil

Gustavo Sleman

Os presos foram transferidos após decisão da Justiça
Os presos foram transferidos após decisão da Justiça
Alexandre Siqueira|TV Band

Os três homens presos pela morte do congolês Moise Kabagambe negaram em depoimento que tinham a intenção de matar o jovem.  Nesta quarta-feira (2), a Justiça do Rio determinou a prisão temporária de Fábio Pirineus da Silva, o Belo; Aleson Cristiano de Oliveira Fonseca, o Dezenove; e Brendon Alexander Luz da Silva, o Totta. Eles foram transferidos para o presídio de Benfica, na Zona Norte.

A reportagem da BandNews FM teve acesso aos depoimentos. Neles, Fábio, Aleson e Brendon alegam que Moise estaria alterado e bêbado no dia do crime e que ele teria ameaçado um funcionário do quiosque, Jailton Pereira Campos, após ser impedido de pegar um cerveja no freezer do estabelecimento. Em um dos trechos, Fabio alegou que as informações que o jovem teria ido cobrar a diária que estaria atrasada não são verdadeiras.

Aos policiais, Brendon afirmou ter sido o responsável por derrubar e imobilizar Moise. Já Aleson argumentou que o jovem, antes do crime, estava mais agressivo e teria se envolvido em confusão com um bombeiro. Aleson, que é garçom no quiosque Biruta, que fica ao lado do Tropicália, onde o imigrante foi morto, disse que as agressões foram para "extravasar a raiva" que estava sentindo, segundo ele, pelo comportamento de Moise nos últimos dias. 

Nas oitivas, Brendon falou que foi um dos clientes que avisou que a vítima não estava mais respirando. Ele contou que tentou reanimar o congolês, assim como duas pessoas que passavam pelo local. Para o procurador da Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil, Rodrigo Mondego, existe um movimento para tentar desqualificar Moise e culpá-lo pela própria morte.

O funcionário do quiosque que testemunhou as agressões argumentou que não acionou o socorro por estar sem telefone celular. Ainda segundo os depoimentos, Moise teria trocado o quiosque Tropicália, onde o crime ocorreu, pelo Biruta, cujo dono é um policial militar. Alauir Mattos de Faria deve ser ouvido nesta quinta-feira (3) pela Polícia Civil. Nesta quarta (2), agentes ouviram a mãe e irmãos do congolês. Ivana Lay e os filhos chegaram na Delegacia de Homicídios da Capital no início da tarde, acompanhados de representantes da OAB. 

Durante agenda, o governador do Rio Cláudio Castro afirmou que representantes da Secretaria de Estado de Assistência à Vítima estiveram com familiares do jovem. De acordo com o político, todas as necessidades dos familiares de Moise que estiverem na alçada do estado vão ser atendidas.

Os advogados do dono do quiosque Tropicália, Darlan Almeida e Euclides de Barros, afirmaram que o cliente vem contribuindo com as investigações, mas que ele e familiares vêm sendo ameaçados nas redes sociais.

A vítima sofreu pelo menos 30 pauladas antes de morrer no último dia 24. A diretora da Anistia Internacional Brasil, Jurema Werneck, pede que transparência nas investigações do caso.

A Secretaria Nacional de Políticas de Promoção da Igualdade Racial solicitou informações à corporação sobre as investigações do caso. Em nota, a Arquidiocese de Rio lamentou morte de Moise Kabamgabe. Segundo o comunicado, o jovem e a família eram auxiliados pela Carita Arquidiocesana desde a data em que haviam chegado ao Brasil.

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