Cônsul denunciado por homicídio mandou mensagens com ameaças para testemunha

Uwe Hebert Hahn fugiu para a Alemanha depois de ter a prisão relaxada pela Justiça brasileira

Marcus Sadok

Uwe Hebert Hahn disse que estava em segurança, mas a testemunha, não Divulgação/Polícia Civil
Uwe Hebert Hahn disse que estava em segurança, mas a testemunha, não
Divulgação/Polícia Civil

O cônsul Alemão denunciado por homicídio com dolo eventual triplamente qualificado contra o próprio marido mandou mensagens para uma testemunha fazendo ameaças. O diplomata fugiu para a Alemanha depois de ter a prisão relaxada pela Justiça brasileira.

Uwe Hebert Hahn disse que estava em segurança, mas a testemunha, não. Na troca de mensagens, o homem responde que o diplomata matou o amigo dele. Uwe diz que não matou ninguém e que foi libertado. Ele ainda acusa o interlocutor de vender drogas. O homem rebate afirmando que o cônsul foi condenado a voltar a prisão e nega que tenha vendido entorpecentes. Em outro trecho do diálogo, a testemunha afirma que Walter sempre a ajudou escondido, porque ele era aterrorizado pelo diplomata.

A BandNews FM teve acesso as últimas imagens da vítima (veja abaixo). O marido do cônsul aparece na garagem do prédio onde morava. Ele anda com dificuldade até cair no chão e se levanta com o auxílio do corrimão. Ele deixa o prédio para passear com o cachorro e dez minutos depois vai direto para o apartamento. A Polícia afirma que o crime aconteceu cerca de sete horas depois dessas gravações.

O cônsul chegou na Alemanha na segunda-feira (29). Uwe foi preso no dia 6 de agosto e ficou 19 dias detido até ter a prisão relaxada.

No dia 25 de agosto, a desembargadora Rosa Helena Penna, da 2ª Câmara Criminal do Rio determinou a soltura do cônsul atendendo a um pedido da defesa por "excesso de prazo" justificando que o MP demorou a apresentar denúncia contra o alemão. O MP rebateu afirmando que tinha 10 dias para ser notificado e outros cinco para apresentar a denúncia.

O advogado criminalista João Bernardo Kappen afirma que é muito difícil que o diplomata seja preso na Europa e que as autoridades brasileiras precisam fazer as solicitações.

Na denúncia do MP, a promotora Bianca Chagas de Macêdo pediu a prisão do diplomata alegando para a possível fuga do cônsul, mas já era tarde. A Justiça do Rio aceitou a denúncia e determinou a prisão do cônsul, que já estava bem longe do Rio.

Na decisão, o juiz Gustavo Gomes Kalil afirmou que a ida do diplomata para a Alemanha mostra que ele não pretende se submeter a aplicação da lei penal brasileira e notificou a Polícia Federal a incluir o nome diplomata na lista vermelha da Interpol.

O juiz destacou ainda que crime "foi cometido por suposto motivo torpe devido ao alegado sentimento de posse, em tese meio cruel, com severo espancamento e, ainda, recurso que teria dificultado a defesa da vítima, que estava sob influência de bebida alcoólica e remédios para ansiedade."

O alemão chegou a alegar à Polícia que o marido sofreu um mal súbito, bateu a cabeça e morreu. Mas o laudo do Instituto Médico Legal mostrou que o belga tinha inúmeros ferimentos na cabeça e no corpo.

Mais notícias

Carregar mais