Coronel é suspeito de fraude em vendas de respiradores no Rio e no Pará

Uma empresa deles, a MHS Produtos e Serviços, ainda aparece nas negociações para venda de vacinas contra a Covid-19 pela empresa americana Davati, investigada pela CPI da Pandemia

Por Pedro Dobal

Coronel é suspeito de fraude em vendas de respiradores no Rio e no Pará
Suspeita de superfaturamento em venda de respiradores
Agência Brasil

Investigados na Operação Perfídia, o coronel da reserva da Aeronáutica Glaucio Octaviano Guerra e o irmão dele, Glauco Octaviano Guerra, também são suspeitos de fraudes na venda superfaturada de respiradores aos governos do Pará e do Rio de Janeiro.  

Uma empresa deles, a MHS Produtos e Serviços, ainda aparece nas negociações para venda de vacinas contra a Covid-19 pela empresa americana Davati, investigada pela CPI da Pandemia.

Na terça-feira (12), foram cumpridos 16 mandados de busca e apreensão em quatro estados durante a operação, que apura o superfaturamento na compra de 9 mil coletes balísticos durante a intervenção federal na segurança do Rio. O ex-ministro da Casa Civil, general Walter Braga Netto, que foi o chefe da intervenção, não foi alvo de mandado, mas teve o sigilo telefônico quebrado. A defesa do general disse que a compra seguiu todos os trâmites legais.

Na decisão que autorizou a operação, a juíza federal Caroline Vieira Figueiredo destacou que a contratação foi realizada com dispensa de licitação nos 15 dias finais da intervenção. O Tribunal de Contas da União aponta que houve um sobrepreço de quase R$ 5 milhões dos R$ 40 milhões que seriam pagos.

O contrato acabou suspenso por irregularidades administrativas, mas a magistrada ressalta que o cancelamento não afeta os supostos crimes até então cometidos e apenas impediu um prejuízo maior ao Governo brasileiro.

Os investigadores revelaram que a empresa CTU Security, que era representada pela empresa dos irmãos Octaviano Guerra, foi contratada diretamente por meio do pagamento de vantagem indevida. Segundo a PF, foi identificada "uma verdadeira organização criminosa responsável por operar a fraude na licitação e corromper servidores públicos". O inquérito apontou que empresa era avisada sobre as licitações antes mesmo que elas fossem publicadas.

A investigação começou depois do aviso de autoridades dos Estados Unidos que apuravam o assassinato do presidente do Haiti, em 2021. O celular de Glaucio foi inspecionado quando ele foi detido em um aeroporto no estado americano da Virginia e as provas encontradas no aparelho foram enviadas às autoridades brasileiras. Em conversas entre os investigados obtidas pelos policiais, eles combinavam como seria a divisão do lucro da venda.

Ao todo, a intervenção contou com R$ 1,2 bilhão em recursos da União. Para a cientista política da UFRJ Mayra Goulart, porém, a medida não apresentou os resultados esperados para o volume de investimentos.

Outra frente de investigação também apontou indícios de loteamento de licitações por meio do conluio entre duas empresas, a Inbraterrestre Indústria e Comércio de Materiais de Segurança e Glágio do Brasil Proteção Balística, que concorriam entre si em diversos pregões e ambas acabavam vencendo em diferentes itens licitados.

Durante a intervenção federal, elas foram contratadas por meio de dispensa de licitação para a aquisição de quase 15 mil coletes para a Polícia Militar e a Secretaria de Administração Penitenciária, no valor total de R$ 76,7 milhões, os maiores contratos firmados por elas com o governo federal até então. ((Para a definição do valor do contrato, foram usadas propostas enviadas pelas mesmas empresas em contratações anteriores. Em dois itens licitados, a Glágio não ofereceu proposta, permitindo que a Inbraterrestre vencesse os lotes.

A BandNews FM tenta contato com a defesa dos citados.

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