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Corpo do idoso Paulo Roberto Braga vai ser enterrado neste sábado (20)

O corpo de Paulo está no Instituto Médico Legal desde terça-feira (16)

Por Fernanda CaldasGabriela Souza

Érika de Souza Vieira levou corpo de idoso para banco
Érika de Souza Vieira levou corpo de idoso para banco
Reprodução

O corpo do idoso Paulo Roberto Braga, de 68 anos, que foi levado morto a uma agência bancária em Bangu, na Zona Oeste do Rio, vai ser sepultado neste sábado (20), no Cemitério de Campo Grande, na mesma região.

O enterro vai ser gratuito e, segundo a Secretaria de Assistência Social do Município, deve acontecer durante a manhã.

O corpo de Paulo está no Instituto Médico Legal desde terça-feira (16). Os policiais aguardavam a documentação dele para que a liberação fosse feita. Segundo a defesa de Erika de Souza Nunes, que levou o idoso ao banco, um familiar de outro município viajou à capital fluminense para agilizar o processo.

Segundo as investigações, Paulo não tinha parentes diretos na cidade do Rio que pudessem fazer o reconhecimento do corpo.

Novas imagens de câmeras de segurança mostram o momento em que Erika, que se diz sobrinha e cuidadora do idoso, chegou na agência na terça-feira para pegar um empréstimo de 17 mil reais. Em depoimento, a irmã de Érika afirmou que ambas são sobrinhas biológicas de Paulo, porém, houve uma confusão no registro de nascimento, e as irmãs foram registradas pela a avó, sendo entendido civilmente, como primas dele.

Nos vídeos, Paulo Roberto Braga aparece imóvel e com a cabeça caída para trás. Em certo momento, Erika parece segurar a nuca do idoso.

Para o delegado Fabio Souza, as imagens mostram que Paulo já chegou morto na agência.

Novas testemunhas devem prestar depoimento na semana que vem. Entre elas, as filhas de Erika, que, segundo testemunhas, ajudaram a colocar o idoso no carro quando ele saiu de casa e a funcionária de uma empresa de empréstimos que atendeu a acusada e o idoso um dia antes dele ser levado até a agência bancária.

Paulo foi levado até à empresa na segunda-feira (15), mesmo dia que ele teve alta de uma unidade de saúde, após ficar um período internado com infecção pulmonar.

A polícia também analisa o prontuário de quando ele ficou hospitalizado.

Ainda segundo o delegado Fabio Souza, uma investigação paralela vai ser conduzida para apurar se Paulo Braga sofria maus-tratos por Erika, já que ela afirma que era a cuidadora dele.

O idoso morava na Vila Aliança, favela na Zona Oeste. Imagens do local mostram que ele vivia em uma espécie de garagem em condições insalubres.

Os agentes buscam ainda identificar se havia outros empréstimos no nome de Paulo.

Na quinta-feira (18), em audiência de custódia, a Justiça do Rio converteu em preventiva a prisão de Erika, que foi detida em flagrante. A juíza Rachel Assad da Cunha disse que apesar do laudo de necrópsia não estabelecer a exata hora da morte de Paulo Roberto Braga, isso não afasta a possibilidade de que o idoso já estivesse morto ao entrar na agência. A magistrada afirma que a possibilidade de Erika ter levado Paulo morto ao banco torna a ação mais repugnante e macabra. A juíza justificou ainda que, ainda que Erika não tenha notado o exato momento do óbito, era perceptível a qualquer pessoa que o idoso na cadeira de rodas não estava bem. 

Na terça-feira (16), Erika chegou à região do banco em um carro de aplicativo por volta de 13h. Segundo as informações do perito da Polícia Civil, o óbito deve ter acontecido entre 11h30 e 14h30. Segundo depoimento de um médico do SAMU, o serviço foi acionado por volta das 15h e, momentos depois, foi constatado que Paulo já estava morto há cerca de duas horas.

Ainda de acordo com as investigações, Paulo Roberto Braga tinha livor cadavérico, acúmulo de sangue na nuca, o que pode indicar que ele morreu deitado. Após descer do carro no estacionamento de um shopping, ele foi colocado em uma cadeira de rodas e assim foi levado ao banco.

Segundo Fabio Souza, independentemente do horário do óbito, Erika teria cometido um crime, já que insistiu no pedido de empréstimo, apesar da morte do idoso. Ela vai responder pelos crimes de vilipêndio a cadáver e furto mediante a fraude.

Uma jovem que trabalha no calçadão de Bangu, a poucos metros do banco, ajudou a dupla, após Paulo ter quase caído da cadeira minutos antes de ser levado para a agência. Lorena Matias, de 25 anos, afirmou que ele estava gelado e sem reação. De acordo com ela, Erika de Souza Vieira Nunes estava conduzindo Paulo em uma cadeira de rodas com pressa até que passou por um bueiro desnivelado e o idoso quase caiu. Erika conseguiu segurar Paulo, e Lorena ajudou a mulher a colocá-lo de volta na cadeira.

Até o momento, seis pessoas já prestaram depoimento, entre elas o motorista de aplicativo que levou Erika e Paulo até o shopping. O homem disse à polícia que Paulo estava vivo durante a viagem e que chegou a segurar a porta do carro, ao ser retirado do veículo, no estacionamento do estabelecimento comercial.

A Polícia Civil aguarda os resultados de exames toxicológicos. O laudo de necropsia apontou que Paulo morreu após ter broncoaspirado o conteúdo estomacal e por falência cardíaca.

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