Desmatamento da Amazônia em 2022 é 48% maior do que a média dos últimos 10 anos

Números do INPE se referem ao período entre agosto de 2021 e julho deste ano. Em relação aos 12 meses anteriores, houve queda de 11,2% nas taxas de devastação

Por Filipe Brasil (sob supervisão)

  Os estados que lideraram o desmatamento foram Pará, Amazonas e Mato Grosso Alberto César Araújo/AE
Os estados que lideraram o desmatamento foram Pará, Amazonas e Mato Grosso
Alberto César Araújo/AE

A área desmatada na Amazônia entre agosto de 2021 e julho deste ano foi 48% maior do que a média observada nos últimos 10 anos. De acordo com dados do Projeto de Monitoramento do Desmatamento na Amazônia Legal por Satélite, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), foram registrados 11.568 km² de desmatamento no período.

Apesar da queda de 11,2% na comparação com os 12 meses anteriores, quando a devastação chegou a 13.038 km², os números mostram que a destruição do bioma se mantém nos mais altos patamares desde 2009.

Os estados que lideraram o desmatamento na última temporada foram Pará, Amazonas e Mato Grosso. O maior aumento foi no Amazonas, com crescimento de 13% em relação aos dados de 2021.

Segundo a gerente de Ciências do WWF-Brasil, Mariana Napolitano, os índices deixam o país distante das metas de redução do desmatamento estabelecidas em 2020. 

“A referência para redução era o ano de 2009. Isso significa que, em 2020, deveríamos ter taxas de desmatamento na Amazônia na ordem de 4 mil km2. E o que temos esse ano é um valor de mais de 11 mil km², ano passado foram 13 km². Então nesses últimos 4 anos, temos ficado muito acima da meta esperada para redução de desmatamento”, afirma a pesquisadora do WWF-Brasil. 

Outra pesquisa, realizada pelo Mapbiomas, que monitora as transformações do uso do solo no Brasil, mostra que, de 1985 a 2021, 90% da área desmatada no território, já foi ou continua sendo utilizada para pastagem. 

O estudo revela que, na Amazônia, essas áreas cresceram 40% nas últimas décadas, enquanto diminuíram substancialmente na Mata Atlântica, em 28%, e no Cerrado, em 10%.

O pesquisador Claudinei Santos, que participou do levantamento, afirma que a transformação do solo degradado em áreas produtivas pode ser feita em conjunto com a pecuária.

“O cenário que a gente acredita e que deve haver um esforço nesse sentido é que a gente tenha um aumento da eficiência nas áreas já abertas para pastagem, recupere as áreas degradadas, e em paralelo, haja políticas públicas de controle do desmatamento. Recuperando as áreas degradadas, a gente conseguiria produzir tudo que já é produzido hoje, em termos de carne, em uma área menor e ainda aumentar essa produção”, afirma o pesquisador.

A pesquisa estima ainda que o estoque total de carbono orgânico no solo usado para pastagens é de 6,4 gigatoneladas. No bioma Cerrado, a pesquisa indica que a recuperação de cerca de 28 milhões de hectares de pastagens, com algum nível de degradação, resultaria em um ganho de cerca de 6% nos estoques de carbono do país até 2030.

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