Especialistas alertam para malefícios das redes a crianças e adolescentes

Advertência vem depois que pesquisa do Comitê Gestor da Internet no Brasil mostrou que uso das redes sociais cresceu dez pontos percentuais entre 2019 e 2021 nesse público

Isabele Rangel

Pediatra Daniel Becker explica que mecanismos usados pelas redes deixam cérebro passivo Valter Campanato/Agência Brasil
Pediatra Daniel Becker explica que mecanismos usados pelas redes deixam cérebro passivo
Valter Campanato/Agência Brasil

Especialistas alertam para os malefícios do uso das redes sociais por crianças e adolescentes de 9 a 17 anos. A advertência vem depois que uma pesquisa do Comitê Gestor da Internet no Brasil mostrou que a utilização desse tipo de plataforma cresceu dez pontos percentuais entre 2019 e 2021 nesse público.

O pediatra Daniel Becker explica que os mecanismos usados pelas plataformas deixam o cérebro passivo e, sem curadoria, o internauta é bombardeado com conteúdos que disseminam o ódio, machismo, homofobia, racismo, intolerância e violência. Ele também chama atenção para a publicidade, que agora se mistura aos conteúdos, fomentando a cultura do consumismo.

Além disso, Becker alerta que as redes sociais são capazes de viciar. De acordo com o pediatra, o cérebro humano não está preparado para lidar com a dopamina, neurotransmissor ligado à sensação de prazer, que é liberada quando recebemos uma repercussão positiva sobre postagens ou quando alcançamos um número alto de seguidores.

Com as crianças, isso se torna ainda pior. O médico diz que os pequenos se tornam incapazes de parar e ficam irritadiços, quando obrigados a deixar de lado as redes sociais.

No que diz respeito ao desenvolvimento, o pediatra ainda explica que o cérebro das crianças fica em repouso quando elas utilizam essas plataformas e, para crescer e se desenvolver, é preciso ter atividades que propiciem isso.

O pediatra Daniel Becker diz ainda que o uso das redes sociais está diretamente relacionado com a insatisfação com a vida, com a depressão e com pensamentos suicidas.

A psicóloga Aline Costa também alerta para os problemas de saúde mental que o uso das redes sociais pode causar, mas poderá que o problema mora no excesso.

Ana Luiza Castro, de 32 anos, servidora pública e produtora cultural, é mãe da Maria Alice, de 10 anos. Ela permite o uso do celular e das redes sociais, mas checa o conteúdo que a filha consome na internet.

Apesar de todos os alertas, o pediatra Daniel Becker avalia que é possível utilizar um tempo restrito no mundo virtual para que as crianças acessem conteúdos de qualidade.

No entanto, o médico afirma que é indispensável que haja uma curadoria dos responsáveis. Ele defende que a Educação Digital seja debatida em toda a sociedade e que a responsabilidade por afastar as crianças de conteúdos tóxicos não recaia apenas sobre os pais. O médico afirma que brincar ainda é o melhor remédio para uma infância saudável.

Entre crianças e adolescentes no país o uso de redes sociais é uma das atividades online que mais cresceram. Em 2021, 78% dos usuários de Internet com idades de 9 a 17 anos acessaram esse tipo de plataforma, um aumento de 10 pontos percentuais em relação a 2019 (68%).

O dado faz parte da edição mais recente da pesquisa TIC Kids Online Brasil, do Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br). Jogar online conectado com outros jogadores (de 57% para 66%) e não conectado a eles (de 55% para 64%) e fazer compras no ambiente digital (de 9% para 19%) também apresentaram crescimento em relação a 2019.

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