Indústrias do Rio ainda sofrem com falta e alto custo de matérias-primas

O problema foi o que mais impactou o setor no primeiro trimestre do ano, segundo 51,4% dos empresários entrevistados pela Federação das Indústrias do Estado

Gabriela Morgado

Indústrias do Rio ainda sofrem com falta e alto custo de matérias-primas CSI/José Paulo Lacerda
Indústrias do Rio ainda sofrem com falta e alto custo de matérias-primas
CSI/José Paulo Lacerda

Mesmo com a melhora da pandemia da Covid-19, as indústrias no Rio ainda sofrem com a falta e o alto custo de matérias-primas. O problema foi o que mais impactou o setor no primeiro trimestre do ano, segundo 51,4% dos empresários entrevistados pela Federação das Indústrias do Estado.

De acordo com especialistas, os motivos para a permanência da situação são as restrições adotadas pela China para combater um novo surto da Covid e a Guerra entre Rússia e Ucrânia. Os setores mais afetados são o químico e os que usam chips. Na indústria de automóveis, faltam semicondutores, responsáveis pela parte elétrica dos carros, que são produzidos principalmente por fábricas asiáticas. A escassez fez com que compradores passassem a esperar de 30 a 90 dias por um carro, que ficam parados nas montadoras, sem os chips.  

O gerente de Estudos Econômicos da Firjan, Jonathas Goulart, afirma que ainda não há previsão de melhora.

“A política que a China tem adotado para evitar o contágio dentro do seu país está fazendo com que a gente atrase um pouquinho mais essa perspectiva de melhora. Toda a indústria tem sentido o efeito, principalmente via aumento de preço. E algumas outras, diretamente por falta de insumos, em contato direto com seus fornecedores.”

O número de autoveículos produzidos no Brasil, incluindo caminhões e ônibus, ainda é 29% menor do que em 2019. Segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores, de janeiro a abril daquele ano, foram 965 mil unidades produzidas. No mesmo período em 2022, foram 682 mil.

A situação traz prejuízos até mesmo para Ailton Rocha, que tem uma revendedora de carros usados. Ele conta que antes, tinha de 30 a 40 carros por mês. Hoje, esse número caiu para 15.

“Normalmente, um veículo usado é utilizado como moeda de pagamento de veículos novos. Se não tem veículo novo, o veículo de troca não se torna veículo usado e não entra no mercado de usados. Acaba não entrando mercadoria para a gente trabalhar. [Na empresa,] de novembro até o mês de abril foi crescimento zero."

A dificuldade da chegada de insumos no Brasil afeta os preços finais dos produtos e impacta na inflação do país, acumulada nos últimos 12 meses em mais de 12%. De acordo com o presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Rio, Claudio Hermolin, de junho do ano passado até abril desse ano, o preço do aço subiu 76%, e o aumento dos combustíveis levou o preço médio do frete a subir 25%. Ele ressalta que projetos em andamento podem ser interrompidos.

“Se essas duas situações permanecerem por muito tempo, certamente vai se agravar. Impactam tanto em projetos em andamento, quanto em projetos que estavam prontos para ser iniciados. São insumos que você não tem substituto.”

A demora na entrega de materiais levou a Prefeitura do Rio a suspender o prazo de substituição das grades na Ciclovia Tim Maia, da Barra da Tijuca a São Conrado, que começou em outubro do ano passado. Ainda não há uma nova data para a conclusão do trabalho.

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