O Ministério Público instaura um inquérito para identificar os responsáveis por uma construção irregular que foi demolida nesta terça-feira (19) na Muzema, Zona Oeste do Rio, no condomínio Figueiras do Itanhangá. A região é dominada pela milícia que explora a construção de imóveis na comunidade.
A estrutura de três andares, na Estrada de Jacarepaguá, n° 370, foi construída em uma área de encosta e sem licença para as obras. Segundo a Prefeitura do Rio, os responsáveis que foram notificados da operação com antecedência planejavam construir outros pavimentos. A soma do valor investido nas obras e o que seria faturado com as vendas chegaria a R$ 3 milhões.
Além disso, o imóvel que seria um prédio residencial multifamiliar com seis apartamentos de 70 metros quadrados de 2 a 3 quartos já estava com obras concluídas em dois pavimentos em declive. Também foi encontrada uma ligação clandestina de água.
Para o secretário de Ordem Pública, Brenno Carnevale, a ação tem o objetivo de preservar vidas e diminuir o poder financeiro dos responsáveis pelas construções irregulares.
Nas vistorias prévias, a Prefeitura do Rio não encontrou moradores no imóvel. No entanto, na manhã desta terça-feira (19), os agentes se depararam com camas e travesseiros que teriam sido colocados pelos responsáveis da obra para indicar que há moradores no local. A Prefeitura acredita que pode ser um modus operandi nessas operações.
Em 2019, dois edifícios desabaram no mesmo condomínio, deixando 24 mortos.
Segundo investigação de abril da Polícia Civil, os milicianos que dominam a região comercializam os imóveis ilegalmente. Ainda de acordo com a instituição, os criminosos também utilizam empresas de fachada, como construtoras, lojas de material de construção e açougues, para a lavagem de dinheiro.
De acordo a SEOP, desde 2021 já foram realizadas 970 demolições em ocupações irregular do espaço público na cidade do Rio de Janeiro.
A subprefeitura de Jacarepaguá, Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado (GAECO), Secretaria de Conservação, Guarda Municipal, Comlurb, Rioluz, Light, concessionária Iguá e Polícia Militar também participam da operação.
A região da Muzema recebe também o programa Cidade Integrada do Governo do Estado do Rio.