Uma pessoa com deficiência que estava internada no Hospital Municipal Pedro II, em Santa Cruz, na Zona Oeste do Rio, foi deixada de fraldas e com uma sonda, em uma rua próxima da unidade de saúde. Segundo a professora Tatiana Cristina de Almeida Borges, que encontrou o homem, que não tem as duas pernas, ele teria sido deixado no local por maqueiros, na segunda-feira (10).
“Os maqueiros pegaram ele e o colocaram do lado de fora, na calçada, embaixo de sol. Os lojistas, achando aquilo desumano, as pessoas que começaram a passar, que pegaram ele e colocaram de volta na frente do hospital de baixo das árvores. Ele estava de fralda, tem as pernas amputadas, com uma sonda, poderia pegar uma infecção generalizada. Trataram ele como se fosse um lixo. A gente ficou indignado", conta.
De acordo com professora, o homem, que foi identificado apenas como Bernardo, foi informado no domingo (10) que receberia alta hospitalar e precisaria indicar um contato de um familiar para buscá-lo. No entanto, o paciente pediu para que não ligassem para ninguém da família, pois era agredido por eles. Ele, inclusive, tinha vindo de um abrigo em Búzios, na Região dos Lagos, onde recebia cuidados de um pastor.
Tatiana Cristina conta até que Bernardo aceitou ser retirado do hospital. Mas ela discorda da forma como ele foi tratado.
"Eu entendo que o hospital não tinha mais o que fazer com ele em relação à saúde. Mas ali existe uma assistente social que poderia ter ajudado nessa situação, encontrando um abrigo para esse rapaz. É assim que eles tratam pacientes? Seja ele qual for. Falaram que ele tem sã consciência para decidir as coisas. Mas nas condições que ele se encontra, ele tem realmente condições de decidir algo? A partir do momento que o paciente está dentro do hospital, ele é de responsabilidade do hospital. Isso é desumano", desabafa.
A professora conta que procurou o Conselho Regional de Saúde e que o paciente foi recolocado dentro do hospital.
A direção do Pedro II afirma que os dois funcionários que levaram o homem para fora do hospital foram demitidos. A unidade alega ainda que este não é o procedimento do hospital e que abriu um processo de apuração dos fatos em andamento.
Procurada, a Secretaria Municipal de Saúde justificou que enquanto o Serviço Social tentava articulação com uma instituição de acolhimento para recebê-lo, outros funcionários atenderam ao pedido do usuário para ser levado para fora, pois ele se negava a permanecer no hospital, informando que teria alguém para buscá-lo.
A pasta também informa que por não ter ninguém para o paciente, mesmo contra a vontade dele, a unidade o mantém sob guarda, até que o Serviço Social consiga encaminhá-lo para uma instituição de acolhimento, uma vez que não tem familiares próximos para recebê-lo.