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PF mira tráfico internacional de armas no Rio

Ronnie Lessa é um dos alvos

Nicolle Timm e Yasmin Bachour

Três alvos da Polícia Federal nos Estados Unidos por tráfico internacional de armas estão na difusão vermelha da Interpol. De acordo com a corporação, eles podem ser extraditados para o Brasil ou o processo será transferido para que respondam pelo crime no país onde moram.

Na ação desta terça-feira (15), realizada em parceria com o Ministério Público Federal e a Agência de Investigações de Segurança Interna da Embaixada norte-americana, foram cumpridos três mandados de prisão preventiva.

Um deles foi expedido contra o policial militar reformado Ronnie Lessa, preso desde 2019 pelas mortes da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes. Foram presos ainda um homem e uma idosa em Vila Isabel, na Zona Norte do Rio.

Segundo as investigações, a quadrilha enviava armas, peças, acessórios e munição dos Estados Unidos para o Brasil por rotas marítimas e aéreas.

Ao chegar no Rio de Janeiro, as peças eram montadas com uma impressora 3D específica para fazer armas. O armamento era destinado a traficantes, milicianos e matadores de aluguel.

Foram apreendidos relógios, joias, documentos, celulares, munição, duas pistolas e uma espingarda, durante a ação. Ao longo dois anos de investigação os agentes também apreenderam milhares de armas e munição.

Segundo a Polícia Federal, o material chegava pelos estados do Amazonas, de São Paulo e Santa Catarina. Na maioria das vezes, as peças eram colocadas dentro de equipamentos como máquinas de soldas e impressoras, que eram despachados junto com outros itens, como telefones, suplementos alimentares, roupas e calçados.

O dinheiro para a compra do armamento era enviado do Brasil para os EUA através de doleiros. De acordo com as investigações, um brasileiro, dono de churrascarias em Boston, recebia parte desse dinheiro e repassava para os alvos residentes nos Estados Unidos. Ele não teve a identidade revelada.

O grupo investia o dinheiro adquirido com o tráfico de armas em imóveis residenciais, criptomoedas, ações, veículos e embarcações de luxo. Ao todo foram expedido sete mandados de prisão preventiva e cinco de busca e apreensão. A Justiça ainda decretou o sequestro de bens dos alvos, em cerca de R$ 10 milhões.

Os investigados vão responder pelos crimes de tráfico internacional de armas, organização criminosa e lavagem de capitais.

Em nota, a defesa de Ronnie Lessa disse que ainda não teve acesso ao processo.