Polícia quer ouvir envolvidos em ataque a religiões africanas em Itaboraí

Durante o evento, na noite da ultima quinta-feira, o pastor Felippe Valadão disse que os centros de umbanda do município iriam fechar e classificou os fieis como endemoniados.

João Boueri*

Polícia quer ouvir envolvidos em ataque a religiões africanas em Itaboraí Fernando Frazão/Agência Brasil
Polícia quer ouvir envolvidos em ataque a religiões africanas em Itaboraí
Fernando Frazão/Agência Brasil

A Polícia Civil deve ouvir todos os envolvidos durante o ataque às religiões de matriz africana no evento público em comemoração aos 189 anos da cidade de Itaboraí, na Região Metropolitana do Rio. Durante o evento, na noite da ultima quinta-feira, o pastor Felippe Valadão disse que os centros de umbanda do município iriam fechar e classificou os fieis como endemoniados.  

Diante do caso, nesta segunda-feira (23), o relator da CPI da Intolerância Religiosa na Alerj, deputado estadual Átila Nunes, entrou com uma representação no Ministério Público do Rio e na Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância. O político pediu instauração de procedimento administrativo para apurar eventual responsabilidade criminal do pastor evangélico Felippe Valadão e a notificação e apuração da responsabilidade da Prefeitura de Itaboraí.  

Este é o segundo pedido ao MP. A deputada estadual Renata Souza já havia protocolado outra representação na última sexta-feira (20). O Conselho Estadual de Defesa e Promoção da Liberdade Religiosa também deve acionar o Ministério Público.

A Comissão de Povos Tradicionais de Terreiros de Itaboraí disse que o pastor agiu de maneira desrespeitosa e ameaçadora à comunidade religiosa do candomblé e umbanda.  

A Comissão de Combate às Discriminações e Preconceitos de Raça, Cor, Etnia, Religião e Procedência Nacional da Alerj enviou ofício à Prefeitura de Itaboraí para questionar a ofensa de Felippe Valadão em um evento público.  

Neste domingo, a Praça Marechal Floriano, no Centro de Itaboraí, na Região Metropolitana do Rio, foi palco de manifestação pacífica contra as falas proferidas pelo pastor. Lideranças das religiões de matriz africana de todo o Estado se reuniram para o ato.  

A Prefeitura de Itaboraí disse que repudia qualquer manifestação de intolerância religiosa, mas que as declarações dos convidados e artistas são de inteira responsabilidade deles. O município gastou quase UM milhão de reais de verba pública no evento.

Em 2021, segundo dados do Instituto de Segurança Pública, o Estado do Rio registrou aumento de 43% de ocorrências de ultraje religioso, quando há preconceito ou impedimento de cultos religiosos, na comparação com o ano anterior.  

O evangélico Felippe Valadão optou por não se pronunciar.  

A reportagem tenta contato com o Ministério Público.

*Estagiário sob supervisão de Luanna Bernardes

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