Com a redução dos nascimentos e o envelhecimento, a população do Brasil vai parar de crescer em 2041, quando vai ter mais de 220 milhões e 400 mil habitantes, e começar a diminuir em 2042. A informação faz parte das primeiras Projeções de População com dados do Censo 2022 e foi divulgada nesta quinta-feira (22) pelo IBGE.
A expectativa anterior do IBGE era de uma redução da população aconteceria só a partir de 2048.
Segundo o instituto, de 2000 até 2023, a taxa de fecundidade caiu de 2,32 para 1,57 filho por mulher e deve recuar ainda mais até 2040, quando o índice será de 1,44.
Além da entrada da mulher no mercado de trabalho e a consolidação do planejamento familiar nas últimas décadas, as mulheres também apontam dificuldades financeiras como um dos principais motivos para não terem filhos. Juliana Alves, de 28 anos, conta que tomou a decisão, para focar em outros desejos, como comprar um apartamento e viajar.
Eu decidi não ter filho uns dois anos atrás, mais ou menos. Primeiro porque acho que a gente tem que abrir mão de muita coisa, né? Vai ser uma pessoa que vai depender de você durante muito tempo e é uma coisa que eu não quero pra mim. Quero poder ser independente e tomar minhas decisões por mim, não ter que ficar pensando em outra pessoa. E também é uma decisão financeira, né? Acho que a gente consegue conquistar as coisas cada vez mais tarde hoje em dia, tipo comprar um apartamento, comprar um carro. Então acho que muita gente tem abandonado o sonho de ter filho ou tem deixado isso para cada vez mais tarde.
O Censo também mostrou que as mulheres brasileiras estão tendo filhos em idades mais avançadas. Nos anos 2000, a idade média para a gestação era 25 anos. Em 2020, essa média passou para 27 e, em 2070, deve ser de 31 anos. Isso também afeta as taxas de fecundidade, como explica a demógrafa do IBGE Izabel Marri.
O número de nascimentos também vem caindo e, segundo o IBGE, vai passar dos 2,6 milhões atuais para 1,5 milhão em 2070.
Ao mesmo tempo, a população vem envelhecendo.Em 23 anos, a proporção de idosos quase duplicou, passando de 8,7% em 2000 para 15,6%, em 2023, e deve ser quase 40% em 2070.
A colunista de Economia da BandNews FM, Juliana Rosa, afirma que, com o envelhecimento, surge a maior necessidade políticas de bem-estar e previdenciárias organizadas.
Ainda segundo o estudo, a idade média da população deve subir de 35 anos e meio em 2023 para 48,4 em 2070.