Notícias

Sócio do escritório onde advogado morto trabalhava acessou computador da vítima

Antonio Vanderler de Lima Junior afirma que acionou a polícia quatro dias após o crime, assim que percebeu que a máquina ainda estava ligada

Por Pedro Dobal

Rodrigo Marinho Crespo, advogado assassinado
Rodrigo Marinho Crespo, advogado assassinado
Reprodução/vídeo

O sócio do escritório onde o advogado Rodrigo Marinho Crespo, de 42 anos, trabalhava afirma que tinha apenas a intenção de ajudar nas investigações quando acessou o computador que era usado pelo colega dias após o assassinato. Rodrigo Crespo foi morto em fevereiro, a poucos metros da sede da Ordem dos Advogados do Brasil, no Centro do Rio.

Em depoimento à Polícia Civil, o sócio do escritório Antônio Vanderler de Lima Junior disse que, quatro dias depois do crime, entrou na sala de Rodrigo e percebeu que o WhatsApp dele ainda estava aberto no computador profissional, que pertence à empresa. Segundo o depoimento, ele, então, viu trocas de mensagens e também o email da vítima.  

Quando os policiais questionaram o motivo dele ter acessado os aplicativos pessoais do colega, Antônio afirmou que apenas pretendia colaborar com a polícia e que não alterou ou apagou nenhuma conversa, nem arquivo pessoal.

Antônio ainda alegou no depoimento que precisou usar o computador no dia 4 de março para enviar emails do escritório e depois voltou a acessar o equipamento, mas desligou em seguida.

No primeiro depoimento dele, dois dias após o crime, Antônio já tinha dito que Rodrigo costumava acessar o computador do escritório remotamente de casa e, por isso, a máquina não era desligada.

No dia 7 de março, 10 dias depois da execução, o sócio entregou outro computador de Rodrigo, pessoal, do tipo "gamer", à Polícia Civil.

Procurado, Antônio Vanderler disse que é o maior interessado em contribuir com as investigações e que acionou a polícia assim que percebeu que o computador de propriedade do escritório ainda estava ligado. Ele também afirmou que os investigadores estiveram no local no mesmo dia e levaram o material encontrado em um pen drive. O advogado afirma que prestou outro depoimento apenas com o objetivo de esclarecer no processo os acessos realizados após a morte do colega.  

Quatro suspeitos de envolvimento no assassinato estão presos. O policial militar Leandro Machado da Silva teria coordenado a logística da execução e alugado o carro usado para monitorar o advogado. Cézar Mondêgo de Souza e Eduardo Sobreira Moraes são suspeitos de acompanhar a rotina da vítima. Já o PM Vito Hugo Henrichs Mello foi preso em flagrante por porte ilegal de arma de fogo durante uma operação sobre a morte do advogado.

Outros nove suspeitos foram alvo da ação realizada no início do mês, entre eles outros três policiais e o contraventor Adilson Oliveira Coutinho Filho, conhecido como Adilsinho.

A Polícia Civil ainda não confirmou quem foi o mandante da execução, nem a motivação do crime.

LEIA A NOTA DO ADVOGADO NA ÍNTEGRA:

"Sou o maior interessado em contribuir com as investigações. No dia 1° de março, primeiro de funcionamento do escritório após a barbarie ocorrida, entrei na sala do meu sócio e percebi que o computador profissional de propriedade do escritório estava ligado. Imediatamente, acionei a Polícia e, em menos de 2 horas, os investigadores chegaram no escritório para acessar o conteúdo das janelas que estavam abertas no computador desde o último provável acesso de Rodrigo no dia 26 de fevereiro. Após mais de 3 horas, os investigadores salvaram alguns arquivos, conversas de WhatsApp pessoais e levaram em um pen drive para a delegacia o material copiado. Fui orientado pelos agentes da DH e posteriormente intimado a prestar um segundo depoimento apenas com o intuito de justificar perante à autoridade judicial os acessos ocorridos no WhatsApp Web dele no pós morte originários de seu computador profissional."

Tópicos relacionados