Assessora de Marielle que sobreviveu ao atentado também era alvo dos executores

Segundo denúncia da Procuradoria-Geral da República, Domingos Brazão e Chiquinho Brazão exigiram aos assassinos a morte da assessora de Marielle para assegurar que não houvesse testemunhas do crime.

Por Fernanda Caldas

Assessora de Marielle que sobreviveu ao atentado também era alvo dos executores
As mortes de Marielle e Anderson completaram seis anos no dia 14 de março
Renan Olaz/Câmara Municipal do Rio

A assessora da vereadora Marielle Franco, que estava no mesmo carro em que a parlamentar e o motorista Anderson Gomes foram mortos em 2018, também era alvo dos mandantes do crime. Fernanda Gonçalves Chaves foi a única sobrevivente do atentado.

A informação consta na denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República ao Supremo Tribunal Federal na terça-feira (7).  

Segundo o documento, Domingos Brazão e Chiquinho Brazão exigiram aos assassinos a morte da assessora de Marielle para assegurar que não houvesse testemunhas do crime.

Ainda na denúncia, o assessor de Domingos Brazão preso nesta quinta-feira (9), Robson Calixto Fonseca, é apontado como um dos intermediários entre os mandantes e os executores do crime. Robson foi encontrado dentro de casa, no Recreio, na Zona Oeste do Rio.

As investigações apontam que ele intermediou a primeira reunião entre o policial reformado Ronnie Lessa, que fez os disparos, e os irmãos Brazão. Robson é apontado pelos investigadores como miliciano, com atuação na região da Taquara, na Zona Oeste, e chegou a ser alvo de busca e apreensão durante a operação de março.

Nesta quinta-feira (9), os policiais também cumpriram um mandado de prisão contra o policial militar Ronald Alves de Paula, conhecido como Major Ronald, que já estava em um presídio federal em Campo Grande.

Segundo a PF, ele ajudou a levantar informações sobre a rotina de Marielle e avisou os comparsas sobre a presença da vereadora em um evento na Casa das Pretas, na Lapa, último local onde ela esteve antes de ser assassinada.

De acordo com a investigação, Ronald ainda seria o responsável por implementar a "infraestrutura e a urbanização" dos terrenos que seriam entregues a Ronnie Lessa como recompensa pelo assassinato. O PM já foi preso acusado de fazer parte da milícia que atua em Rio das Pedras, na Zona Oeste.

Em março deste ano, Domingos Brazão, Chiquinho Brazão, e o ex-chefe da Polícia Civil do Rio, Rivaldo Barbosa foram presos em uma operação da Polícia Federal.

Os cinco alvos das operações realizadas em março e nesta quinta-feira (9) foram denunciados pela Procuradoria-Geral da República.

Devem responder pelo crime de homicídio Chiquinho Brazão, Domingos Brazão, o delegado Rivaldo Barbosa e o Major Ronald. Já o crime de integrar organização criminosa foi atribuído aos irmãos Brazão e ao assessor Robson. A denúncia ainda precisa ser analisada pelo Supremo Tribunal Federal.

O advogado Marcelo Ferreira, que defende Rivaldo Barbosa, pede que ele seja ouvido pelos investigadores.

As mortes de Marielle e Anderson completaram seis anos no dia 14 de março. Além dos cinco denunciados nesta fase das investigações, outras quatro pessoas também estão presas por envolvimento no crime.  

O policial reformado Ronnie Lessa confessou que fez os disparos e o ex-PM Élcio Queiroz admitiu que dirigiu o carro usado no assassinato. O ex-bombeiro Maxwell Simões Corrêa é suspeito de monitorar a rotina de Marielle, participar de uma tentativa frustrada de execução e ajudar no sumiço de provas e o mecânico Edilson Barbosa dos Santos, conhecido como Orelha, teria feito o desmanche do veículo.

A defesa de Ronald Alves de Paula disse que foi surpreendida pela inserção dele no processo, já que o inquérito da Polícia Federal teria afirmado que não havia elementos que corroborassem a participação dele no crime. A defesa afirmou ainda que, assim que tiver acesso ao processo, vai trazer provas que refutam as acusações.

Em nota, a defesa de Domingos Brazão afirmou que foi informada pela imprensa, sobre o oferecimento de denúncia relacionada ao homicídio de Marielle Franco e Anderson Gomes e que ainda não teve acesso à acusação. No entanto, afirma que não foram apresentadas provas que sustentem a denúncia.

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