Eleições

Bolsonaro aposta em Auxílio e ataca Lula sobre criminalidade em debate na Band

Atual presidente citou Marcola e o apoio do ex-juiz Sergio Moro no combate ao crime organizado

Por Camila Corsini

O candidato à Presidência da República Jair Bolsonaro (PL) aproveitou o primeiro confronto contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) antes do segundo turno das eleições para falar sobre criminalidade. O atual presidente citou Marcola e o apoio do ex-juiz Sergio Moro no combate ao crime organizado. Ambos candidatos se enfrentaram neste domingo (16) nos estúdios do Grupo Bandeirantes, no Morumbi.

O atual presidente da República lembrou que, em 2006, 59 policiais foram executados no Estado de São Paulo. “E por que isso? Porque teriam que transferir o Marcola para um presídio de segurança máxima. Ele não podia mais ficar aqui comandando o crime. O seu governo não transferiu o Marcola. Pelo que tudo indica, fez um acordo com o Marcola e com seu Alckmin, que era governador de São Paulo naquele tempo. Repito: 2006, 59 policiais assassinados em São Paulo.”

“Teve que eu chegar, em 2019, juntamente com o ministro Sergio Moro, para que nós então tirássemos o Marcola de presídio estadual aqui em São Paulo e mandasse para um presídio federal, em um regime todo especial, sem qualquer comunicação com o mundo exterior. Isso rapidamente começou a cair o número de mortes violentas em nosso país. Por que você não transferiu o Marcola em 2006, já que tinha um pedido do MP estadual para fazer isso?”, questionou Bolsonaro ao ex-presidente.

Ele ainda mencionou a visita de Lula ao Rio de Janeiro na última semana. “O senhor esteve atualmente no Complexo do Salgueiro. Não tinha nenhum policial ao seu lado. Só traficante. Tanto é verdade a sua afinidade com traficantes, com bandidos, que nos presídios do Brasil, cada cinco votos, o senhor teve quatro votos. E quando a gente volta para o Marcola, o Marcola foi flagrado. Teve ligação telefônica grampeado. E ele diz ali, chama o senhor de um palavrão, que eu não vou falar aqui, e diz que prefere o senhor do que a mim. Essa é a verdade.” O ex-presidente esteve no Complexo do Alemão. 

Pandemia

Questionado pelo oponente sobre a compra de vacinas contra a doença, o atual presidente respondeu. “Falam que atrasei a vacina em 2020. Não existia vacina à venda em 2020. A primeira vacina no mundo foi aplicada em dezembro de 2020. Em janeiro do ano seguinte, um mês depois, o Brasil começou a vacinar. Nós compramos mais de 500 milhões de doses de vacina. E todos aqueles que quiseram tomar vacina, tomaram. E o Brasil foi um dos países que mais vacinou no mundo e em tempo mais rápido."

Ele lembrou que foi contra ao protocolo apresentado pelo ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta que “mandava a pessoa infectada ir para casa até sentir falta de ar” e reforçou que pediu que os mais idosos e pessoas com comorbidades tomassem maior cuidado com a doença. Bolsonaro voltou a negar que “zombou” de pessoas sem oxigênio em Manaus, no Amazonas. “A história mostrará quem está com a razão. Isso que você fala de vídeo de eu zombando, é só ver as imagens. É exatamente o contrário”, completou. 

O candidato pelo PL ainda provocou o ex-presidente Lula quando foi questionado por não ter ido em enterro de vítimas da pandemia. “Fez discurso em cima do caixão da esposa e está se comovendo pela sogra. Senhor Lula, entenda uma coisa: os enterros eram com caixão lacrado; ninguém podia ir ao enterro, nem familiares", mencionando a morte da ex-primeira-dama Marisa Letícia, em 2017, e da atual sogra do petista, em 2020, que foi vítima da Covid.

Auxílio Brasil

Logo no início do debate, Jair Bolsonaro aproveitou para falar sobre o Auxílio Brasil. “A origem desse dinheiro virá de uma proposta que já passou na Câmara, visando a Reforma Tributária, e está no Senado Federal. Vamos manter essa despesa extra de forma permanente e vitalicia. Deixo claro que quando nós criamos o Auxílio Brasil, no final do ano passado, nós renegociamos o parcelamento dos precatórios e criamos o Auxílio Emergencial de R$ 400", disse, afirmando que o Partido dos Trabalhadores “não têm qualquer preocupação com os mais pobres”. 

“Durante o ano de 2020, quando o povo foi obrigado a ficar em casa não por decisão desse presidente, mas por decisão de muitos governadores do seu partido, eles iam morrer de fome. E só de auxílio emergencial em 2020 nós gastamos o equivalente a 15 anos de Bolsa Família”, afirmou Bolsonaro. De acordo com ele, seu governo triplicou, com o Auxílio Brasil, a média do Bolsa Família. 

“O senhor promete o tempo todo. O senhor prometeu levar água para o Nordeste e, agora, o senhor está prometendo picanha e cerveja. O senhor não fica vermelho com essas propostas mirabolantes e mentirosas? Hoje a dona de casa vai ao supermercado e compra realmente algo para levar para casa. No passado, ia com o carrinho vazio. Então promessas estamos cheios, e a grande prova de promessas vazias é esta que o senhor aqui e o seu partido foi contra a criação do Auxílio Brasil”, finalizou.

Considerações finais 

Em suas considerações finais, o candidato à reeleição destacou que quer um “país livre” e falou sobre ideologia de gênero. “O que eu quero para o meu país? Primeiro eu quero um país livre, um país onde seja respeitada a liberdade de expressão. Um país onde você possa ir com segurança para casa, possa trabalhar, possa ter a certeza que teu filho vai para a escola e não vai ser cooptado, ensinado para eles coisas que os pais não querem em casa, a tal da ideologia de gênero. Não queremos que os nossos filhos, ao irem para a escola, frequentem o mesmo banheiro. Essa é a política do lado de lá."

"Nós queremos um país sem drogas. O lado de lá quer liberar as drogas. Somente uma pessoa que não sabe a dor de um pai, ou de uma mãe, ter um filho no mundo das drogas. Não, nós não queremos liberar as drogas. Nós somos cristãos, em 90%. Nós respeitamos a vida desde a sua concepção. Não ao aborto! Sim à propriedade privada. Não ao MST invadindo terras. Respeito ao homem do campo. Pelo direito à legítima defesa. Esse é o país que nós queremos, e não um país do retrocesso, da corrupção, da roubalheira e do desrespeito para com as religiões”, finalizou Bolsonaro. 

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