Eleições

Manuela D'Ávila diz que concederia indulto a Lula: 'acredito em sua inocência'

Ao Band Eleições, pré-candidata do PCdoB também falou sobre combate à corrupção, reformas e representatividade política

Da Redação

Manuela D'Ávila no programa Band Eleições
Manuela D'Ávila no programa Band Eleições
Bruno Costa/Portal da Band

Pré-candidata à Presidência da República pelo PCdoB, Manuela D'Ávila voltou a afirmar que acredita na inocência do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e que concederia indulto presidencial caso fosse eleita no pleito deste ano. Ela participou do programa Band Eleições desta segunda-feira, 2.

“Eu daria o indulto ao presidente Lula, embora eu acredite que ele saia da prisão após análise da última instância da Justiça”, pontuou. Para Manuela, o líder petista foi condenado sem provas substanciais. “É o que dizem, inclusive, juristas de relevância”, acrescentou. “E eu acredito na inocência de Lula.”

A ex-deputada federal disse ainda na entrevista que apoia uma candidatura única da esquerda, “caso isso for viável”, e que Lula seria o nome que poderia possibilitar essa unificação, “se ele fosse um candidato com a opção de liberdade”.

“Como que o primeiro colocado [nas pesquisas de intenção de voto] poderia ser um problema para essa unidade?”, questionou.

VÍDEO - Confira a primeira parte da entrevista

Mensalão e Dilma
A pré-candidata comentou ainda o escândalo do Mensalão, protagonizado por alguns dos integrantes do governo Lula, e disse que sua visão sobre a corrupção é geral para qualquer episódio do tipo. “Que todos os culpados sejam punidos, até porque quem defende o Estado radicalmente democrático é, portanto, radicalmente anticorrupção.”

Manuela diz que pretende investir em ferramentas que impossibilitem que a corrupção ocorra. “Fortalecemos as estruturas de punição, mas não de impedir que isso aconteça. O mundo tem mostrado a relação direta [do bom uso do dinheiro público] com a participação popular. Hoje, o Estado está nas mãos de poucos. No Brasil, por exemplo, estudos vêm mostrando que os espaços onde as carreiras são mais sólidas, como a Receita Federal ou o Itamaraty, tendem a ser mais imunes à corrupção”, exemplificou.

Já sobre o impeachment de Dilma Rousseff (PT), em 2016, a pré-candidata do PCdoB definiu o momento como o “ponto de partida do golpe que vivemos”. “A presidente não cometeu crime de responsabilidade e foi tirada com uma desculpa de que a economia iria melhorar. O que houve foi um conjunto de cortes que incrementou o déficit público ao invés de reduzi-lo.”

Para Manuela, o governo Dilma teve erros, mas que não justificariam o afastamento. “Acho a política de isenções absolutas, sem contrapartidas sólidas, [um dos erros], já que não teve resultados esperados na indústria nacional.”

VÍDEO - Confira a segunda parte da entrevista

Reforma tributária e da Previdência
A ex-deputada diz que não é contra cortes no Orçamento, mas rechaçou a política de Michel Temer (MDB). “Vamos continuar com a crise e com o ajuste de gastos que enxerga as pessoas como uma planilha de Excel, e congela investimentos no SUS, fazendo com que 5 mil idosos morram de subnutrição”, contou. “A pergunta que temos fazer é: como retomar o crescimento na economia?”

Manuela aposta em reformas, como a tributária, para responder a questão. “O Brasil e a Estônia são os únicos países que não tributam lucros e dividendos”, exemplificou. Outra área a ser reformada seria a Previdência. “A primeira coisa a ser feita é uma auditoria para saber o tamanho real do déficit e de sonegação. Enfrentaremos isso cortando benefícios de quem recebe salário mínimo? Ou enfrentando privilégios, daqueles que recebem acima do teto salarial?”

Já sobre a idade mínima de aposentadoria, a pré-candidata sugere reduzir a jornada de trabalho no país para poder debater o tema. “Nós comparamos o tempo de contribuição previdenciária do Brasil com a de países cuja jornada é menor que a nossa”, justificou.

Representatividade política
A pré-candidata ressaltou a falta de representatividade das muitas faces da população na política, e o quanto isso pode impactar na vida dos brasileiros. “O Brasil teria poucas creches se tivessem mais mulheres na política? Existiria esse extermínio de jovens negros com mais negros na política? Eu acredito que não”, destacou.

Manuela disse ainda que sua candidatura é “prova de que a política pode ser diferente”. “Eu não sou filha de políticos, como acontece com a maioria dos jovens que chegam a Brasília, não faço parte de um grande partido ou das estruturas de poder. Sou uma mulher jovem, feminista e de esquerda. Se minha eleição for possível, é possível também que a política seja transformada.”

Band Eleições
O programa semanal foi exibido nesta segunda-feira, à 00h25, e apresentado pelo jornalista Rafael Colombo. Para entrevistar a convidada, a bancada contou com as participações dos jornalistas Fábio Pannunzio e Fernando Mitre. O Band Eleições será reexibido às terças-feiras no BandNews TV e na Rádio Bandeirantes.