Esse é um texto-convite.
Se você não se sente competente o suficiente na sua posição atual ou completamente pronta para subir mais um degrau na sua carreira, eu te convido para uma conversa-reflexão. É com você que eu quero falar. Certamente, a maioria das mulheres líderes, quando inseridas em ambientes organizacionais, identificam-se com essa descrição que acabo de fazer. E mesmo sentindo que você precisa provar mais, fazer mais, buscar mais, ainda assim, você quer mais. Porque você sabe que pode ir além. Você pode mais. Entretanto, algo forte toma conta: lá no fundo, alguma coisa te paralisa.
Acontece aí?
Pois, então, deixa eu te dar uma notícia: você não está sozinha. Infelizmente, a questão (estrutural!) de gênero se faz presente nessa sua insegurança. O problema não está em você - mas também com você. E o primeiro passo para resolvermos esse desafio é buscarmos nos conhecermos cada vez mais - e, claro, tomarmos consciência das nossas competências. Em outras palavras: a maioria de nós, mulheres, não se sente totalmente preparada para dar o próximo passo profissional, sobretudo quando esse passo envolve nos candidatarmos a uma promoção. Acreditem: esse é justamente um dos principais aspectos que travam a ascensão de mulheres aos cargos de liderança.
Recentemente, os professores Tatiana Iwai e Gustavo Tavares, ambos integrantes do Núcleo de Estudos de Comportamento Organizacional e Gestão do Insper, conduziram uma interessante pesquisa, intitulada "Quebrando mitos sobre liderança e gênero". O estudo revela, dentre outras questões, que as mulheres se preocupam mais em falhar do que os homens - já que são muito mais rígidas em suas (auto) percepções sobre suas próprias competências. O resultado disso é que os homens se disponibilizam para as eventuais promoções - ainda que nem sempre possuam, de fato, as qualificações necessárias para o cargo. Enquanto isso, as mulheres não seguem adiante nas buscas por posições mais elevadas. E, assim, perpetuamos a ideia (e a prática!) de termos mais homens em cargos de liderança.
A questão que coloco aqui é: e agora? O que fazer diante dessa informação? Como mudar esse cenário? Como agir em função de nós mesmas? Meu convite é para pensarmos daqui para frente. Em primeiro lugar, é importante termos em mente que ninguém (homem ou mulher!) está totalmente pronto para uma promoção. Nunca. A próxima posição requer algum aprendizado, claro, e aprendizado faz parte do processo. É preciso chegar lá. E, uma vez ocupando o novo cargo, o aprendizado acontece, de forma constante - como tem que ser: ao longo da jornada.
E se a Síndrome da Impostora (falei sobre ela na coluna da semana passada!) te visitar, faça o exercício de olhar para seus pontos fortes, suas competências e habilidades. Foram eles que te fizeram chegar até aqui. E são eles que te levarão adiante. Um aspecto interessante destacado no estudo dos professores do Insper, a partir de pesquisas realizadas pela Harvard Business Review e pelo LinkedIn, diz respeito ao fato de que as mulheres são menos proativas nas candidaturas às posições de liderança. Ou seja, para buscarmos novos cargos, precisamos ter 100% das competências demandadas - o que não acontece com os homens.
Por tudo isso, não hesite: busque sua promoção. O mercado e as empresas precisam de mais mulheres em cargos de liderança. Nós, mulheres, precisamos de mais mulheres ocupando esses (e todos os demais) espaços.
Merecemos. Mais do que isso: podemos.