O jornalista Leo Dias entrevistou o cantor Belo pela primeira vez após a prisão devido a um show realizado no Complexo da Maré, no fim de semana de Carnaval. No programa desta sexta-feira, 26, o Melhor da Tarde exibiu trechos da reportagem, cedidas pelo jornalista. Na conversa, Belo falou sobre a acusação de invadir uma escola pública.
“Eu tenho um escritório que cuida de todo o departamento jurídico, que é um departamento que faz a logística do show e tudo mais. Muitas das vezes, eu nem sei onde eu vou me apresentar. Às vezes sei, quando é um show maior e a gente faz uma divulgação maior”, explicou.
“O escritório é quem cuida disso e faz toda logística para que eu faça o meu show. A minha função é a arte, é a música. Quando o contrato é feito, você tem o vendedor, o cara que fecha o show, o cara que manda o contrato, tem o cara que emite a nota. Não tem nada a ver comigo. A minha parte é chegar no palco e cantar”, afirmou.
De acordo ainda com Belo, o show no Complexo da Maré não teve nenhuma diferença para outros que fez. “A van para aqui [em casa] em determinado horário, com meu segurança, a minha produtora, minha figurinista. Entro, chego no local do show e desço. Meu trabalho é só cantar. Eu não faço a logística do show”, finalizou.
A apresentadora Catia Fonseca disse que acredita que Belo não sabia onde seria o show, mas sugeriu que ele fique mais atento aos contratos fechados pelo escritório. “Você pega um contrato, você tem que ler e relar. Não dá para a gente viver alienado nos dias de hoje, sem saber quem está depositando o dinheiro na sua conta”, disse.
Entenda o caso
O cantor Belo foi preso no inquérito que apura a realização de um show no Complexo da Maré, na zona norte da capital fluminense, no dia 17 de fevereiro. A apresentação contou com a presença de milhares de pessoas em meio à pandemia do coronavírus.
O artista foi solto após a Justiça do Rio de Janeiro aceitar um pedido de habeas corpus da defesa dele. O cantor vai responder pelos crimes de epidemia, infração de medida sanitária, invasão de prédio público e organização criminosa.
O desembargador Milton Fernandes de Souza, do Tribunal de Justiça, concedeu a liminar alegando que a representação da Polícia Civil pela prisão só aconteceu quatro dias após o evento e que o próprio Ministério Público deu parecer afirmando que não havia urgência para a decretação de prisão preventiva pelo Plantão Judiciário.
O magistrado finalizou a decisão dizendo que o juízo natural irá apreciar a questão com mais elementos. A Polícia Civil investiga se o chefe do tráfico de drogas da comunidade autorizou a invasão do colégio.
O evento foi realizado no interior de uma escola estadual na favela Parque União, no dia 12, e não teve autorização da Secretaria Estadual de Educação. Segundo o delegado Gustavo Castro, responsável pelo caso, o evento foi custeado pelo tráfico de drogas local. As salas de aula foram usadas como camarotes.
Belo prestou depoimento na Delegacia de Combate às Drogas logo após a prisão. Na saída da unidade, Belo afirmou que não sabia o que fez de errado já que só estava trabalhando. A Polícia Civil cumpriu outros três mandados de prisão preventiva, além de cinco de busca e apreensão.
Uma das buscas foi realizada na sede da produtora Série Gold, organizadora do evento, também em Angra dos Reis. Além do artista, dois produtores do evento também foram presos.
Durante a ação, a Justiça decretou o bloqueio das contas bancárias dos investigados. O chefe do tráfico do Parque União, Jorge Luiz Moura Barbosa, o Alvarenga, também alvo da operação, segue foragido.
Na casa de Belo, na Barra da Tijuca, na zona oeste do Rio de Janeiro, os agentes apreenderam duas armas com os registros vencidos, R$ 40 mil, além de euros e dólares, também em espécie.