Após ser reprovado por creche, vira-lata caramelo ganha fama e vida nova

Da brasileiríssima ‘marca’ vira-lata caramelo, o cãozinho tem nome, sobrenome e ganhou muitos minutos de fama

Meu Amigo É o Bicho!

Juliana Finardi é jornalista e é mãe de pet. Já escreveu para o UOL e jornais impressos como Agora SP, Diário do Grande ABC e outros tantos entre reportagem e edição. Ainda acredita na humanidade, mas acha que pet é melhor que muita gente

Na nova creche, Bob socializa com outros cães ao mesmo tempo em que treina a tranquilidade
Na nova creche, Bob socializa com outros cães ao mesmo tempo em que treina a tranquilidade
Arquivo Pessoal

Se um dia foi apenas um filhotinho caramelo em meio a uma ninhada ansiosa por adoção, Bob já nem se lembra mais. Da brasileiríssima ‘marca’ vira-lata caramelo, o cãozinho tem nome, sobrenome e ganhou muitos minutos de fama após ter sido (injustamente) reprovado pela creche que tentou ingressar no Rio Grande do Sul, onde a família passou a residir há pouco mais de seis meses.

Foi o post da mãe humana do Bob Fernandes, a Fernanda, que você deve ter visto viralizar nas redes sociais após o ocorrido. “A creche reprovou o meu cachorro. Isso mesmo, vocês não leram errado. Esse anjinho. Ódio”, foi a frase da tutora abaixo de uma foto do doguinho vestido com beca e capelo pronto para a ‘formatura’.

É que ao agir meio ‘fora da caixinha’, rosnar para alguns humanos e não apresentar o comportamento que a creche esperava, o cãozinho não passou nos ‘testes’ e acabou não sendo aceito como novo ‘aluno’.

Bastou para a internet vir abaixo em defesa dele, que desde então leva uma vida digna de popstar com mimos, reconhecimento e abordagem em locais públicos. “A repercussão da história no Twitter trouxe muita visibilidade para ele, a ponto de estarmos almoçando com ele e sermos reconhecidos pela história da reprovação. Ele teve os cinco minutos de fama canina”, diz Fernanda.

Além dos recebidos como brinquedos, caminhas, petiscos e coleiras, muita gente entrou na vida da família em virtude do Bob. Foram inúmeras mensagens divertidas, de acolhimento e relatos de histórias similares. “Quase foi necessária a abertura de uma caixa postAU”, brinca a tutora.

Novo cão, vida nova

Por conta da reprovação e da percepção de mudança comportamental do Bob após a nova moradia da família, a opção foi modificar o tipo de interação. Hoje, ele está matriculado em um serviço de day care educativo duas vezes por semana, local onde socializa com outros cães ao mesmo tempo em que treina sua tranquilidade.

O local é a Social Cão, em Gravataí (RS), que o cãozinho já frequenta há sete meses. A tutora afirma que lá o Bob tem um convívio ótimo com os demais cães, mesmo os mais novos da turma, e que não se comporta de maneira agressiva com as pessoas envolvidas em seu cuidado.

O proprietário da nova creche, que também é comportamentalista canino, Daniel Südikum Gomes, explica que o foco principal é trabalhar com exercícios físicos e principalmente mentais com os doguinhos. O local atende em média 20 cães diariamente.

“Hoje em dia a grande maioria dos cães vive em um estado mental de ansiedade permanente. Na Social Cão, eles convivem soltos em harmonia. Temos uma área externa e interna, onde os cães dentro das suas individualidades interagem ou não entre si, da forma mais natural possível, sem intervenção humanizada, mas sempre conduzidos e monitorados por um profissional comportamentalista que harmoniza o grupo”, diz Daniel.

Na opinião do especialista, o problema está em manejo de forma humanizada. “Os cães agem por instinto e, aqueles com temperamento mais forte, precisam de um referencial de liderança. Do contrário, ele assumirá esse papel e fará o que achar que deve ser feito, inclusive reagindo agressivamente quando contrariado”.

Para quem não acredita em adestramento e manejo comportamental por entender tratar-se de uma forma de maus-tratos ou cerceamento da liberdade dos animais, Daniel convence: “Um cão educado não fica excluso de tudo e de todos e participa do lazer da família, passeia de forma educada e prazerosa em locais públicos, não destrói objetos de valor, não sofre por ansiedade, não reage agressivamente com os membros do seu convívio, não causa acidente, não é castigado. Portanto, um cão adestrado (educado) vive melhor, tem mais liberdade e assim é mais feliz”.

Que o diga o novo Bob Fernandes que, sim, tem o mesmo nome do jornalista Bob Fernandes, homenageado pela família após ser definido em uma enquete pública na internet.

O sobrenome da tutora, o nome do tutor e o da creche que reprovou o Bob foram omitidos deste texto, a pedido dos próprios humanos, para que ninguém sofra consequências indesejadas em virtude da super exposição.  

Os planos

Questionada sobre os planos futuros para o querido Bob, agora aprovado pela nova creche, Fernanda diz que vai mantê-lo em socialização e treinamento comportamental. “Estamos felizes com o progresso dele e com o carinho e cuidado da equipe atual. Então, vamos time!”