Há 12 anos o Ballet Paraisópolis oferece aulas gratuitas para crianças e adolescentes da comunidade de Paraisópolis, na Zona Sul de São Paulo. Agora, o projeto sociocultural dá um importante passo para a profissionalização de seus bailarinos com a criação da Cia Ballet Paraisópolis. Do ballet clássico à dança contemporânea, a companhia, que traz à cena uma nova geração de bailarinos engajados e criativos, ganha os palcos a partir do dia 10 de março quando será lançada oficialmente no Teatro Ítalo Brasileiro.
Na programação, a mais nova companhia de dança de São Paulo com direção executiva de Monica Tarragó apresenta a coreografia original Véspera, assinada por Christian Casarin, e a remontagem de Weverton Aguiar para o Grand Pas de Deux de Don Quixote. O elenco é formado pelos bailarinos Amanda Dalla, Bruno Antunes, David Bem, Geise Santos, Giovana Guimarães, Haissa Santos, Isabela de Sousa, Luiz Dias, Maju Vieira, Maria Daniela, Mariana Farias, Nicoly Sayuri, Tamires Barros, Thaís Dariolli, Rebeca Guilherme e Wellington Dambroski.
A criação da Cia Ballet Paraisópolis é a resposta do trabalho feito durante anos com os bailarinos do projeto sociocultural Ballet Paraisópolis. Após a formatura dos primeiros bailarinos em 2022, nasceu o desejo pela criação da companhia. A ideia é que cada bailarino continue sua trajetória profissional – todos os bailarinos da Cia já possuem o DRT de registro profissional – na área da dança, tendo como objetivo a integração ao mercado de trabalho.
Para Monica Tarragó, a formação da Cia Ballet Paraisópolis tem como objetivo principal permear múltiplas linguagens, potencializando o próprio fazer artístico da comunidade de Paraisópolis. “Nesses 12 anos de atuação, o Ballet Paraisópolis cresceu muito e já está sendo reconhecido internacionalmente. Todos os moradores amam o Ballet e tem muito carinho e respeito pelo projeto. Nós conseguimos mostrar para a comunidade que dança é profissão”, destaca a diretora executiva.
Diversidade de corpos
A Cia Ballet Paraisópolis começa com 16 bailarinos em seu elenco, sendo a grande maioria egressos do Ballet Paraisópolis. A meta é que até o fim de 2024 o número de bailarinos salte para 22, vindos de variados ambientes de São Paulo. “Nosso desejo é que a diversidade de etnias já presentes no elenco forme, ainda mais, uma variedade de corpos. O Ballet Paraisópolis já foi premiado diversas vezes com o Selo de Direitos Humanos e Diversidade, que exemplifica o empoderamento de nossos bailarinos dentro do cenário cultural e artístico”, conta Monica.
A Cia Ballet Paraisópolis também projeta para 2024 aumentar o repertório de coreografias e espetáculos com novas criações de coreógrafos renomados no cenário da dança, além de apresentar temporadas em teatros e centros culturais no estado de São Paulo.
Na nova Cia Ballet Paraisópolis todos os bailarinos recebem uma remuneração mensal como bailarino e instrutor, além de fisioterapia e suporte para reabilitações com o Instituto Vita e bolsa de estudos para o ensino superior com o Centro Universitário Católico Ítalo Brasileiro.
“Vamos acompanhar de perto a evolução desses jovens artistas que hoje se tornaram profissionais talentosos. Tenho certeza que nossos bailarinos ocuparão novos espaços com todo o potencial desenvolvido ao longo dos anos com o Ballet Paraisópolis”, pontua Monica Tarragó.
Véspera e Grand Pas de Deux de Don Quixote
No lançamento da Cia. Ballet Paraisópolis, os 16 bailarinos apresentarão duas obras. A primeira, o Grand Pas de Deux de Don Quixote é uma remontagem de Weverton Aguiar para a coreografia original de Marius Petipa baseada em um capítulo da famosa obra de Miguel de Cervantes, que narra as aventuras do barbeiro Basílio e seu amor por Kitri, a filha do taberneiro. Em cena, o momento do casamento de Kitri e Basílio. Dançado pelo mundo todo, esse duo representa um grande desafio para os intérpretes não só pela qualidade técnica, mas também pela interpretação.
Já Véspera, é uma coreografia original de Christian Casarin, que desafia o corpo no espaço com tempos e configurações variadas. Uma criação coreográfica que propõe dinâmicas que são enunciadas, alternadas e retomadas pelos muitos corpos dançantes. Com música de Vivaldi recomposta por Max Richtter, véspera é o que antecede um ato, ou vésperus, que quer dizer "estrela Vésper”, estrela ou planeta de Vênus, partindo do simbolismo da luz e da escuridão.
O lançamento da Cia. Ballet Paraisópolis contará também com a exposição fotográfica Ballet Paraisópolis – Voar é Possível, no Foyer do Teatro (visitação a partir das 16h). A mostra, que reúne 32 fotos de oito fotógrafos, tem direção criativa do designer e estilista Jum Nakao.
A exposição apresenta por meio de imagens simbólicas a trajetória de existência do Ballet Paraisópolis pelo olhar dos fotógrafos Fernanda Barsotti Kirmayr, Marcos Alonso, Vitoria Andregueti Teixeira, Tomas Kolisch Jr., Daniel Eduardo de Souza, Raúl Aragón, Alceu Bett e Alex Almeida.
Sobre o Ballet Paraisópolis
Fundado em 2012 tem como objetivo transformar a vida de famílias que moram na segunda maior comunidade de São Paulo oferecendo aulas gratuitas de balé clássico e outras modalidades às crianças e jovens da região, entre 8 e 20 anos de idade, proporcionando a eles o contato direto com a arte, educação e cultura. Com duração de nove anos e ministrado por uma equipe composta por professores renomados na área de dança, o curso começa com um exame de seleção para os interessados e termina com a formação – abrindo novas possibilidades e caminhos profissionais na área da dança.
Nos primeiros anos de curso, os alunos realizam três aulas semanais que contemplam aulas de Ballet Clássico, Dança Contemporânea, Musicalização e Teoria da Dança. A longa trajetória de estudos fundamenta a formação dos futuros bailarinos e bailarinas. As atividades são realizadas na sede do BP, localizada dentro da comunidade de Paraisópolis, na zona sul de São Paulo. Lá os alunos usufruem de uma estrutura apta para a prática de balé e contam ainda com sessões de fisioterapia e orientação nutricional e pedagógica. Atualmente, o projeto social beneficia diretamente 200 crianças e jovens (aulas também para alunos PcD). Outros 2 mil aguardam na fila de espera.
Ao longo de seus 12 anos de atividades, o Ballet Paraisópolis já se apresentou em diversos palcos nacionais, como Teatro B32 (2021 e 2022), Auditório Ibirapuera (2015 a 2019), Theatro Municipal de São Paulo (2017, 2020 e 2022), MASP (2017), Tribunal de Justiça de São Paulo (2015), Teatro Municipal de São Sebastião (2016) e, em 2019, fez sua estreia internacional como convidado da XVII Gala New York da BrazilFoundation. Participou de importantes festivais, como o Festival de Dança de Joinville (2017, 2018, 2019 e 2021) sendo premiado com diferentes coreografias em categorias diversas. Desfilou no carnaval de São Paulo ao lado da G.R.E.S. Acadêmicos do Tatuapé (2018 e 2019). No ano de 2023, o Ballet Paraisópolis foi vencedor do Prêmio Governador do Estado de São Paulo na categoria Dança com a obra contemporânea Bando e Formatura 2022.
Para auxiliar no desenvolvimento da instituição e na realização de palestras, oficinas e workshops, o Ballet Paraisópolis se apoia na aplicação de recursos provenientes das leis de renúncia fiscal, tais como a Lei Rouanet com patrocínio das empresas BTG Pactual, Instituto Marina & Flávio Guimarães, Sabesp, Vinland Capital e Grupo Carrefour Brasil e o Programa de Ação Cultural (ProAc ICMS). Por ser uma instituição sem fins lucrativos, o BP está apto a receber doações diretas.
Site oficial: https://balletparaisopolis.org.br
Facebook: @BalletParaisopolisSP
Instagram: @balletparaisopolis
Serviço
Lançamento Cia. Ballet Paraisópolis
Dia 10 de março, domingo, 17h.
Exposição Ballet Paraisópolis – Voar é Possível, a partir das 16h.
Teatro Ítalo Brasileiro – Av. João Dias, 2046 – Santo Amaro, São Paulo.