Após anos buscando o seu lugar no pódio, Cléber Sousa retorna ao SFT mais preparado do que nunca. Não só como atleta, mas também como o cara que ouvia palavras de preconceito na infância, e agora se tornou referência para os amigos de infância.
Bicampeão mundial, Cléber tem muito o que comemorar em sua carreira. No entanto, o lutador lembra que era impedido de entrar na casa desses mesmos amigos, e justamente por causa das artes marciais. Curiosamente, Cleber conseguiu um jeito de “entrar” na casa deles: pela televisão.
“A luta sempre vence porque essas pessoas que lá atrás falavam que não iam na minha casa porque eu lutava, todos treinam comigo hoje, alguns tem mais 10 anos. O esporte muda tudo a cabeça, situação financeira e tem que acreditar”, lembra.
“Eu comecei aos 6 anos de idade no karatê e lembro pouca coisa, mas eu era criança de subir em muros e árvores, depois eu comecei a me controlar mais, porque precisava ter disciplina, saber respeitar e isso me fez sossegar um pouco”, relembra Cléber com sorriso no rosto.
Entretanto, algumas coisas mudaram e, com elas, veio o reconhecimento, inclusive, por parte das pessoas que antes o julgavam. Ele destacou que algumas delas hoje fazem parte da sua academia.
“Como [a luta] veio para TV aberta, mudou um pouco. Mas antes era ‘você não vai na casa do Clebinho porque ele luta’. A nossa arte marcial era marginalizada, ainda bem que vieram os eventos e mudaram isso”, contou o lutador.
Arte marcial pode salvar vidas...
Embora tenha passado por diversos momentos em que viu o preconceito ser colocado em prática, Cléber decidiu seguir em frente, e há 10 anos tem a sua própria academia, onde ajuda centenas de jovens e adultos a terem uma vida mais saudável e com disciplina.
Na K2MMA, ele já ensinou arte marcial para mais de 100 crianças e relembra emocionado como foi ajudar a tirar da criminalidade e drogas, alguns de seus alunos.
“A arte marcial salva, educa e reeduca também, muitos meninos que hoje até se tornaram profissionais, eu peguei nas ruas, biqueiras, tirei das drogas e movimentos errados e hoje todos estão comigo”
Cléber, no entanto, ainda tem muitos sonhos para realizar, além de colocar mais alunos para disputar títulos em solo nacional, ele almeja que outros tenham a oportunidade de participar de campeonatos internacionais, ele cita como exemplo o UFC.
Retorno ao cage
Depois de um ano sem disputar, 2022 marca o retorno de Cléber Sousa ao cage, mas apesar de lutar desde os seis anos, o atleta diz sentir a mesma adrenalina do primeiro dia em que participou do SFT, na ocasião foi o 5.
“A mesma adrenalina que eu senti a primeira vez que pisei no SFT, eu estou sentindo para a próxima. Eu lutei no 5 e vamos para o 33, nos outros eu sentia a adrenalina, mas não era tanto. Eu não vejo a hora de chegar e colocar em prática”, destacou o atleta.
Apesar da adrenalina e expectativa par a primeira luta, ele relembra que passou por um perrengue e tanto quando foi fazer a sua primeira pesagem.
“Na minha primeira luta, eu estava me preparando – mas de qualquer jeito –, só que na hora em que eu entrei e vi o cara na pesagem eu pensei que ele ia me matar (risos). No outro dia, ele estava maior e eu achei que tinham trocado o cara. Até falei ‘me colocaram para apanhar’, ele já tinha umas 8 lutas e eu estava estreando e eu nocauteei em 3 minutos”
Para o embate que marca seu retorno ao cage, no dia 12 de março, Cléber destaca o quanto se preparou e aumentou o nível de treinamentos. Ele afirma que aumentou ao menos 4x mais o fluxo das atividades para que ficasse em forma.
“Depois que fechou a luta para o dia 12, eu venho treinando 4x mais, se eu treinava 10, agora faço 15. Eu peso 102kg em off, então para chegar na marca de 84kg, são 18kg que eu preciso tirar e eu preciso treinar para isso. Voltou ao primeiro amor”
A família também é parte fundamental para toda a evolução de Cléber. Com sorriso no rosto, ele lembra que ela é responsável pelo desempenho e motivação.
“Eu sou pai e tenho duas filhas linda, minha esposa e minha mãe que sempre me incentivou – às vezes, ela quer me tirar da dieta -, essas pessoas me incentivam no geral. São eles que me dão esse gás, eu não faço por mim, mas para dar orgulho para eles”, disse aos risos.
Corta para 2022. Cléber retorna ao cage e mais uma vez vai entrar na casa das pessoas pela televisão. Ele que por muito tempo foi alvo de rejeição terá sua luta contra Claudio Rocha, no co-main event do SFT 33, transmitida com exclusividade pela Band.
“A minha próxima luta sempre é a da minha vida, não importa com quem e onde. Mesmo se ela ainda não aconteceu, eu sempre me preparo como se ela fosse a última guerra do mundo”