Na Copa de 1990, Holanda foi de favorita a grande fiasco com Gullit e Van Basten

Craques que encantaram o mundo no fim dos anos 80 tiveram uma participação medíocre no Mundial disputado na Itália

Paulo Guilherme Guri

Campeões da Eurocopa em 1988, Gullit e Van Basten decepcionaram na Copa de 1990 Reprodução/Instagram/Ruud Gullit
Campeões da Eurocopa em 1988, Gullit e Van Basten decepcionaram na Copa de 1990
Reprodução/Instagram/Ruud Gullit

A seleção da Holanda mostra nesta Copa do Mundo uma geração de talentos que têm o desafio de conquistar o que outros grandes jogadores do país nunca conseguiram: o título mundial. Cody Gapko, de 23 anos, Frenkie de Jong, de 25, Memphis Depay, de 28, e o capitão Virgil van Dijk , de 31, têm mostrado até agora que jogam sem o peso da responsabilidade de fazer o que astros do passado não fizeram. O próximo desafio será contra a Argentina, nesta sexta-feira (9), valendo vaga na semifinal.

E olha quem já jogou Copa pela Holanda: Johann Cruyff, Johan Neeskens, Ronald Koeman, Frank Rijkaard, Edgard Davids, Patrick Kluivert, Ronald e Frank De Boer, Dennis Bergkamp, Edwin Van der Sar, Arjen Robben e Wesley Sneider são algumas das estrelas desta lista. Mas ninguém decepcionou mais que os craques Ruud Gullit e Marco Van Basten.

Gullit e Van Basten encantaram o mundo com os golaços que marcaram na conquista do título da Eurocopa de 1988. Eram a sensação do futebol europeu quando foram disputar uma Copa do Mundo pela primeira vez, em 1990. Eram os craques do Milan, formando o trio holandês ao lado do volante Frank Rijkaard, e disputar um Mundial na Itália era como jogar em casa. A Holanda era favorita.

Não seria fácil. Lá estariam outros astros que brilhavam no futebol italiano: os alemães Lothar Matthäus,  Andreas Brehmen e Jürgen Klinsmann, da Internazionale; o argentino Diego Maradona; e os brasileiros Careca e Alemão, do Napoli, e o jovem italiano Roberto Baggio, estrela da Fiorentina.

Gullit e Van Basten eram os melhores do mundo. Chegaram à Copa de 1990 como bicampeões da Europa com o Milan e com os títulos e melhores do mundo: Gullit em 1987, e Van Basten em 1988 e 1989. Mas na Copa deu tudo errado.

A Holanda foi um fiasco. Estreou empatando com a fraca seleção do Egito por 1 a 1. No segundo jogo, parou na retranca da Inglaterra em um feio 0 a 0. Na terceira partida, mais um empate: 1 a 1 com a Irlanda. Terminou com uma campanha igual à da Irlanda e só se classificou em segundo lugar porque ganhou um sorteio feito pela Fifa. A sorte virou azar: foi pegar a Alemanha Ocidental nas oitavas-de-final e perdeu para o time de Matthäus e companhia por 2 a 1.

Alguns fatores contribuíram para o fiasco holandês. Gullit sofria de dores no joelho. Van Basten apresentou um problema crônico no tornozelo que acabou por encurtar sua carreira (ele parou de jogar em 1993, aos 29 anos). Entre o título europeu de 1988 e a Copa de 1990, a Holanda trocou duas vezes de treinador. Rinus Mitchels, o criador do carrossel holandês e comandante da seleção vencedora da Eurocopa deixou a seleção para trabalhar no Bayer Leverkusen. Seu substituto, Thijs Libregts, se dava muito mal com o elenco. Para a Copa foi Leo Beenhakker, que tinha sido campeão espanhol como treinador do Real Madrid. Não funcionou.

Van Basten deixou a Copa e 1990 sem fazer nenhum gol. Gullit marcou um, contra a Irlanda. Foi o único Mundial que ambos disputaram. A história das Copas seguiu e os dois viraram apenas nota de rodapé. Sem fazer justiça ao talento que tinham.

Copa do Mundo de 1990

  • Período: 8 de junho a 8 de julho de 1990
  • País-sede: Itália
    • Campeão: Alemanha Ocidental
  • Vice-campeão: Argentina
  • 3º lugar: Itália
  • 4º lugar: Inglaterra
  • Artilheiro: Schillacci (Itália), 6 gols
  • Participação do Brasil: eliminado nas oitavas-de-final após perder para a Argentina por 1 a 0. O time era Taffarel; Ricardo Rocha, Ricardo Gomes e Mauro Galvão; Jorginho, Alemão, Dunga, Valdo e Branco; Müller e Careca. O técnico era Sebastião Lazaroni. Também jogaram Mozer, Silas, Bebeto, Romário e Renato Gaúcho.
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Final: Alemanha Ocidental 1 x 0 Argentina

  • Gol: Brehme (ALE), de pênalti, aos 40 minutos do 2º tempo.
  • Alemanha Ocidental: Illgner; Augenthaler, Berthold (Reuter), Kohler, Buchwald e Brehme; Hässler, Matthäus e Littbarski; Klinsmann e Völler. Técnico: Franz Beckenbauer
  • Argentina: Goycoechea; Simon, Serrizuela, Ruggeri (Monzón) e Sensini; Troglio, Burruchaga (Calderón), Basualdo, e Lorenzo; Dezotti eMaradona. Técnico: Carlos Bilardo
  • Árbitro: Edgardo Codesal Mendez (MEX)
  • Público: 73.603 pessoas
  • Local: Estádio Olímpico, em Roma

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