Na Copa de 1994, goleiro da Coreia pediu demissão no intervalo após um 'frango'

Choi In-Young era capitão do time e foi embora do estádio ao final do primeiro tempo após sofrer três gols da Alemanha

Paulo Guilherme Guri

Choi In-Young foi goleiro da Coreia do Sul na Copa de 1994 e viou treinador de goleiros Divulgação
Choi In-Young foi goleiro da Coreia do Sul na Copa de 1994 e viou treinador de goleiros
Divulgação

Choi In-Young, goleiro da seleção da Coreia do Sul na Copa do Mundo de 1994, entrou para a história como o capitão de uma seleção que pediu demissão no intervalo de uma partida de Mundial, fugiu do estádio e nunca mais voltou a vestir a camisa 1 do seu país.

A Coreia do Sul vai enfrentar o Brasil nas oitavas-de-final da Copa do Mundo de 2022, no Catar, nesta segunda-feira (5).

O fato inusitado aconteceu no jogo entre os sul-coreanos e a seleção da Alemanha disputado em Chicago, nos Estados Unidos. Choi era o jogador mais experiente daquele time, tinha 32 anos e fazia uma boa Copa. A Coreia do Sul empatou as duas primeiras partidas, contra a Espanha e Bolívia, e sonhava em se classificar com uma vitória sobre a Alemanha.

Mas não era dia do goleiro. Depois de cumprimentar Lothar Matthäus na entrega das flâmulas entre os capitães, Choi foi para o gol viver seu pesadelo. Com seus atacantes inspirados, a Alemanha atropelou a Coreia do Sul no primeiro tempo. Com gols de Klinsmann aos 12, Riedle aos 20, e Klinsmann novamente, aos 37 minutos, os alemães abriram 3 a 0 na primeira etapa. 

O terceiro gol foi um frango, o chute de Klinsmann passou por baixo do corpo do goleiro. Choi In-Young foi para o intervalo arrasado. Pegou suas coisas e foi embora do estádio de Dallas. Nunca mais jogou pela seleção.

Ele deixou o lugar para o seu reserva Lee-Woon Jae, que se tornaria uma lenda ao disputar mais outras três copas por seu país.

No segundo tempo daquele jogo, depois da deserção de Choi, os sul-coreanos mostraram muita raça, foram pra cima da Alemanha e fizeram dois gols. Se tivesse mais tempo, a Coreia do Sul teria empatado o jogo, que terminou 3 a 2 para os alemães.

A vida de Choi não acabou com aquela derrota. É verdade que ele penou nos anos seguintes à Copa de 1994. A filha dele foi alvo de bullying no colégio em que estudava. Choi foi lá e desafiou os meninos que zoavam sua filha: "Eu disse a elesi que era verdade que cometi um erro e levei um gol, mas não provoquem minha filha. Se vocês chutarem 10 bolas e eu defender não mexam mais com minha filha. Se marcarem o gol, podem falar o que quiserem", disse em entrevista ao site coreano Namu.

Depois do Mundial, jogou apenas um jogo no ano seguinte e, em 1996, não entrou em campo. Decidiu então se aposentar e se tornar treinador de goleiros do Ulsan Hyundai. Naquela época, o Ulsan Hyundai não tinha um treinador profissional de goleiros, então o clube escolheu Choi In-young para o ofício.

Choi In-young disse que teria sido um goleiro melhor se tivesse sido treinado adequadamente como goleiro desde a juventude. Isso o motivou a trabalhar para ensinar os jovens goleiros desde os fundamentos básicos. 

Choi trabalhou como treinador de goleiros no Ulsan até 2003 e, em 2004, foi fazer estágios no Brasil e na Inglaterra. Em 2006, foi contratado para treinar os goleiros do Jeonbuk Hyundai Motors, onde ficou até 2013. Depois, treinou goleiros em equipes de base da Coreia do Sul e, desde 2021, é gerente do Jeongseon FC, um clube esportivo público.

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