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O que Djalma Santos poderia ensinar a Daniel Alves, o novo 'vovô' da Seleção?

Bicampeão em 1958 e 1962 era o mais velho brasileiro em Copas, com 37 anos, até Tite convocar Dani Alves, de 39 anos

Paulo Guilherme Guri

Djalma Santos jogou quatro Copas, e Daniel Alves vai disputar sua terceira Divulgação/CBF e Reuters
Djalma Santos jogou quatro Copas, e Daniel Alves vai disputar sua terceira
Divulgação/CBF e Reuters

Daniel Alves vai disputar a Copa do Mundo de 2022 batendo um recorde que pertencia a outro lateral-direito: Djalma Santos era, até então, o jogador mais velho do Brasil a disputar um Mundial. BIcampeão do mundo em 1958 e 1962, Djalma Santos jogou também as copas de 1954 e 1966. Nesta última, tinha 37 anos e dois meses e ainda ostentava um fôlego de menino. Daniel Alves tem 39 anos e seis meses e poderia aprender muita coisa com o velho Djalma. Aqui estão algumas delas

Ter estrela

Djalma Santos foi reserva durante toda a Copa do Mundo de 1958 disputada na Suécia. Jogada pela Portuguesa e tinha como seu titular o lateral De Sordi, jogador do São Paulo. Nos cinco primeiros jogos, De Sordi fez seu papel de marcador do ponta-esquerda adversário e cumpria uma Copa correta, sem muito brilho. Mas na véspera da final contra a seleção Suécia, passou mal e ficou de fora da final. Djalma Santos entrou com segurança e anulou o principal atacante sueco, o ponta-esquerda Skoglund. Jogou tão bem que foi eleito o melhor lateral da Copa - mesmo tendo feito apenas uma partida.

Daniel Alves ainda busca essa estrela. Nas duas Copas que disputou não disse muito a que veio. Em 2010 ficou na reserva do lateral-direito Maicon e entrou no time no meio-de-campo depois que Elano se machucou. Jogando fora de sua posição, pouco fez. Em 2014, começou como titular e perdeu a posição para Maicon. Pelo menos não estava em campo no 7 a 1. Em 2018, machucado, não foi para a Copa.

Falar menos

Djalma Santos falava pouco e jogava muito. Nem por isso deixava de ser uma liderança no elenco. a maior prova de sua liderança foi na histórica partida contra a poderosa Hungria, na Copa do Mundo de 1954. O máquina húngara fez dois gols logo no começo do jogo até que o Brasil teve um pênalti a seu favor. 

Djalma Santos saiu da defesa, atravessou o campo, pegou a bola e foi cobrar. Sentiu que estava todo mundo tremendo e se escondendo da responsabilidade, mas um homem como Djalma Santos jamais teve medo de cara feia. Chutou forte, mandando a bola para um lado e o goleiro Gyula Grosics para o outro.

“Quando teve o pênalti pra gente, eu não tinha nada que ter cobrado. O que aconteceu é que ninguém queria bater”, revelou mais tarde.

Jogar mais

Djalma Santos fez história como único brasileiro a jogar em seleção da FIFA, num amistoso que marcou os 100 anos da invenção do futebol. Também jogou a Copa de 1966, na Inglaterra, e só foi encerrar a carreira aos 42 anos, no Atlético Paranaense. Quando se despediu da Seleção, em 1968, passou o “cargo” para o jovem Carlos Alberto Torres, que se tornaria o capitão do tri. 

Djalma Santos foi o primeiro jogador a romper a marca de cem partidas com a camisa do Brasil (fez 111 no total), com quatro Copas disputadas, dois títulos mundiais, outros sete títulos menores e três gols marcados. Também eternizou o arremesso de lateral que parecia um escanteio jogado dentro da área. Foi um grande ídolo no Palmeiras. Djalma Santos jogou bola com os amigos até pouco antes de morrer, em 2013, com 84 anos.

Daniel Alves foi campeão olímpico com o Brasil em Tóquio 2021. Foi também campeão mundial sub-20, ganhou duas Copas Américas e duas Copas das Confederações. Tem títulos em quase todos os títulos que passou, como Bahia, Sevilla, Barcelona, Juventus, Paris Saint-Germain e até no São Paulo. Por oito vezes foi eleito o melhor do ano na sua posição pela Fifa. Tem três títulos da Champions League, entre outras dezenas de conquistas.

Daniel atualmente é o jogador com mais títulos oficiais na história do futebol (41), à frente de Messi (38) Giggs, Iniesta, Maxwell, Piqué (com 35 títulos cada).

Mas pode ainda pegar um pouquinho da humildade e da garra do velho Djalma Santos.

Copa do Mundo de 1958


  • Período: 27 de maio a 10 de junho de 1934
  • País-sede: Suécia
  • Campeão: Brasil
  • Vice-campeão: Suécia
  • 3º lugar: França
  • 4º lugar: Alemanha Ocidental
  • Artilheiro: Fontainte (França), 13 gols
  • Participação do Brasil: campeão do mundo. O time era Gilmar; Djalma Santos, Bellini, Orlando, Nilton Santos; Zito, Didi; Garrincha, Vavá, Pelé, Zagallo. O técnico era Vicente Feola. Também jogaram De Sordi, Dino Sani, Dida, Joel e Mazzola
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Final: Brasil 5 x 2 Suécia

  • Gols: Liedholm (SUE),  aos 4, Vavá (BRA) aos 9 e aos 32 minutos do 1º tempo; Pelé (BRA) aos 10, Zagallo (BRA) aos 23, Simonsson (SUE) aos 35, e Pelé (BRA) aos 45 minutos do 2º tempo.
  • Brasil: Gilmar; Djalma Santos, Bellini, Orlando e Nilton Santos; Zito e Didi; Garrincha, Vavá, Pelé e Zagallo. Técnico: Vicente Feola
    Suécia: Karl Svensson; Bergmark e Axbom; Börjesson; Gustavsson e Parling; Hamrin, Gren, Simonsson, Liedholm e Skoglund. Técnico: George Raynor
  • Árbitro: Maurice Guigue (FRA)
  • Público: 51.800 pessoas
  • Local: Estádio Rasunda, em Estocolmo

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