O São Paulo inaugurou uma estátua de Telê Santana dentro da sede no Morumbi. O treinador bicampeão mundial aparece segurando as duas taças conquistadas no Japão, em 1992 e 1993, na estátua que recebeu todas as homenagens nesta quarta-feira (25).
Veja a trajetória de Telê no vídeo acima
Telê é o único técnico que é ídolo em um clube brasileiro. Mas, por que ele é tão idolatrado pelo São Paulo? Veja dez motivos:
1) É o técnico com mais títulos
Com Telê Santana o São Paulo ganhou dez títulos importantes: dois Mundiais de Clubes (1992 e 1993), duas Libertadores (1992 e 1993), dois Paulistas (1991 e 1992), um Brasileiro (1991), uma Supercopa (1993) e duas Recopas (1993 e 1994). Além de outros 12 títulos de torneios menores. Com Telê, o São Paulo disputou 410 jogos, com 198 vitórias, 121 empates e 91 derrotas. Depois de Telê aparecem Muricy Ramalho, com cinco títulos, Joreca com três, Carlos Alberto Silva, Vicente Feola, Paulo Autuori e Cilinho, com dois títulos cada.
2) Foi de ‘pé frio’ a ‘pé quente’
- No São Paulo Telê Santana se consagrou como o treinador fã do futebol ofensivo que, ao mesmo tempo, era objetivo e vencedor. Chegou ao clube ainda com a fama de “pé frio” adquirida com as derrotas da Seleção Brasileira nas Copas de 1982 e 1986. Começou perdendo o título brasileiro de 1990 para o Corinthians do Craque Neto, mas, a partir de 1991, começou a colecionar uma série de títulos. Ganhar do Barcelona de Cruyff, Stoichkov, Koeman, Laudrup e Guardiola, e derrotar o Milan de Baresi, Maldini, Massaro, Donadoni e Papin. Só por isso Telê Santana já merece a estátua de bronze que ganhou no Morumbi. Os nove itens acima são mero complemento.
3) Manager completo
Telê não cuidava só do time de futebol. Morava no Centro de Treinamento do São Paulo, na Barra Funda, supervisionava a comida, o gramado, a hora que cada um entrava e saía. Sabia de tudo o que acontecia no São Paulo.
4) Disciplinador e conselheiro
Além de pegar muito no pé dos jogadores, Telê Santana aconselhava a todos a investir em imóveis, não gastar dinheiro com carros de luxo, a começar a guardar um patrimônio porque, como ex-jogador do Fluminense, acompanhou as ascensão e queda financeira de vários ídolos do futebol, e não queria que seus pupilos passassem por isso.
5) Treinador raiz
Telê não era tanto um estrategista, embora soubesse aproveitar o talento de alguns jogadores multitarefas, como Cafu, para mudar o desenho tático do São Paulo em cada jogo. Seu forte era trabalhar os fundamentos cada jogador, fazendo cada um saber chutar a gol, cruzar, dar passes precisos, nem que isso implicasse em horas e horas de treinos específicos. E, quando precisava ensinar na prática, Telê pegava a bola e chutava ou cruzava com perfeição, como deveria ser.
6) Desenvolvia o melhor de cada um
Telê trabalhou com craques como Raí, Müller, Cafu e o goleiro Zetti. Mas também soube tirar o melhor de jogadores que eram mais limitados tecnicamente, mas em suas mãos alcançaram o auge da parte técnica e alguns chegaram até a servir a Seleção. São os casos do zagueiro Ronaldão, dos laterais Vitor e André Luís, do volante Doriva e do atacante Elivélton.
7) Levou o nome do São Paulo para o mundo
As conquistas de dois títulos da Libertadores e dois títulos do Mundial levaram o São Paulo a um patamar internacional. O clube ficou conhecido no mundo todo, ganhou muita popularidade no Japão (onde ganharia o tri mundial em 2005) e virou uma referência em futebol de qualidade.
8) Peitava os dirigentes
Telê vivia reclamando da qualidade da arbitragem, dos gramados, da bola, da Federação Paulista, da CBF. Não tinha papas na língua. E com isso ajudou a melhor a qualidade da organização do futebol. Em um jogo no Morumbi, Telê foi expulso e não quis sair da entrada do acesso ao túnel. Quando o policial chegou, ele juntou os punhos querendo dizer: “Só saio daqui algemado”.
9) Criou discípulos
Telê Santana formou uma série de discípulos. Alguns dos seus jogadores se tornaram técnicos de futebol, como Pintado e Rogério Ceni. E o seu auxiliar, Muricy Ramalho, aprendeu bem as suas lições e se tornou um dos principais técnicos do Brasil.
10) Deixou saudades
Telê morreu em 2006, e o legado técnico que deixou no São Paulo foi se desfazendo ao longo das décadas. O clube hoje não é sombra da organização e planejamento que tinha na época de Telê. O time de futebol então, nem se fala. Quanto mais campeonatos o São Paulo perde de maneira melancólica, mais a torcida tem saudades de Telê Santana.