Desde 2023, a torcida do Botafogo tem chamado a atenção de fãs do futebol por suas festas na arquibancada. Do uso de personagens humanos ao LED, os botafoguenses têm mudado a forma de torcer no estádio Nilton Santos.
O ‘Movimento Ninguém Ama Como a Gente' é o grande responsável por essa mudança que conta com a criatividade de Lara di Mello, designer, que coordenar as montagens dos projetos.
Mas foi em abril deste ano que o projeto ganhou ainda mais visibilidade, ao fazer o primeiro mosaico com personagem humano. Na ocasião, a intenção era representar o torcedor do Glorioso que apesar dos pesares se mantinha vivo na esperança por dias melhores e com orgulho da camisa que veste.
De acordo com Lara, os botafoguenses são essenciais para que os mosaicos aconteçam, já que são necessários minimamente 18 mil torcedores para projetos desse tamanho. E além disso, a ideia é fazer com que o torcedor entenda que apesar do momento em que o clube esteja, o amor jamais passará.
“Em termos de complexidade, esse foi um dos mais difíceis que a gente realizou na arquibancada. Por causa disso, a gente teve que tomar muito cuidado com o projeto se ficaria clara a leitura do que era e o que queria passar. Os testes passam por várias pessoas e não só eu que estou vendo aquele desenho para garantir que qualquer pessoa que esteja no estádio vai entender o que é”, disse.
Além deste mosaico, outro que fez torcedores de todo o Brasil irem à loucura foi o dupla-face que contava com o escudo do clube e mais uma fênix. Ideia veio como sugestão de dois torcedores, do Loucos Pelo Botafogo, que se inspiraram no samba-enredo da Viradouro de 2019: “Das Cinzas Voltar, Nas Cinzas Vencer”. As “Cinzas”, no caso, é a Quarta-Feira de Cinzas, dia em que é conhecida a campeã do Carnaval do Rio.
Este mosaico carregava muito simbolismo tanto para os jogadores, quanto para os torcedores do Glorioso. Ele foi executado na partida contra o Palmeiras, pela ida das oitavas de final da Libertadores, mas em 2023, a partida entre as duas equipes, pelo Brasileirão, marcou a arrancada do clube paulista pelo título do campeonato nacional que ficou nas mãos do Glorioso até a 33ª rodada.
Lara destaca que este projeto precisava sair e fazia parte do sentimento e momento do clube carioca e sua torcida.
“Ele é duas vezes mais difícil de fazer porque são duas plantas que você precisa fazer daquele desenho. O primeiro foi o escudo em cinzas e a segunda que foi a fênix. Foi o mais difícil, mas tinha que ser feito. A ideia veio da internet como sugestão e fazia muito sentido com o momento e sentimento do botafoguense, então tinha que ser feito", disse.
Contudo, esse foi o projeto mais complicado já que além da dupla-face, o mosaico ainda contava com LEDs algo que não é utilizado com frequência no futebol brasileiro. Segundo ela, a ideia, contudo, já estava sendo discutida e o projeto viu nesta partida potencial para que fosse executado.
"A gente pensou que era o momento correto para implementar duas coisas novas: dupla-face e o LED, e aí foi uma operação gigantesca para orientar o torcedor, ficar na porta do estádio para perguntar se entenderam, entregar as placas de LED na hora certa porque se ficasse na arquibancada antes podia ter o risco de quebrar ou de alguém levar achando que não faria parte do mosaico. Foi uma operação grande, mas o resultado valeu a pena”, explicou.
Outra dificuldade para a implementação desse tipo de mosaico é que a Conmebol não permite o uso de caixas de som e telões para a orientação. Por isso, a comunicação precisou ser feita no boca a boca, além do uso das redes sociais para instruir todos os torcedores.
Lara também sente que o movimento de agradecimento vem dos jogadores e comissão técnica. A designer trata a relação como via de mão-dupla em que a festa na arquibancada faz o jogador ser mais inspirado e entregar um bom resultado.
“A gente percebe isso com o Arthur Jorge mesmo que já falou que se impressionou com algumas coisas que a gente fez, os jogadores também falam sobre o apoio e que muda a atmosfera dentro do estádio. É uma relação de mão dupla", disse.