Fio Maravilha: Conheça a história do gol do Flamengo que virou música

O gol do Flamengo contra o Benfica que virou uma das músicas mais conhecidas da MPB

Por Matheus Monteiro

A mistura entre futebol e música é inseparável, seja pelas músicas adaptadas pelas torcidas para o estádio ou pelos lances e paixões que viram canções para os compositores. Um jogador do Flamengo deu origem a uma das mais conhecidas músicas, a qual representa muito mais que apenas um lance de futebol.

João Batista de Salles nasceu em Conselheiro Pena, Minas Gerais e tem 77 anos. Mas sempre foi o Fio.

Formado no Flamengo conseguiu chegar ao time principal com seu estilo peculiar de jogar. Cheio de imprevisibilidades, estilo o qual, o próprio jogador gostava.

"Eu gostava muito de jogar com toques rápidos, algo que criava muito problema, pois nem sempre o toque rápido sai da maneira que esperávamos. Muitos não gostavam, achavam que eu queria inventar, mas era como eu gostava de jogar", disse o atacante em entrevista ao Esporte Total.

Fio vestiu a camisa Rubro Negra de 1965 a 1973 e marcou 84 vezes em 294 jogos. Neste período esteve muito tempo nos aspirantes. Foi ponta de lança, ponta direita, esquerda...

Começou a viver bons momentos em 1970, marcando gols importantes, inclusive no Santos de Pelé. Era um xodó da nação.

Mesmo querido pela torcida, estava longe de ser uma unanimidade entre os treinadores que o comandavam. Só que o futebol é o futebol. Um simples momento é capaz de eternizar qualquer pessoa. Como diz o próprio trecho da música para eternizar o lance: "Foi um gol de anjo, um verdadeiro gol de placa. Que a galera, agradecida, se encantava".

15 de janeiro de 1972.  Flamengo e Benfica se enfrentaram por um torneio amistoso no Maracanã. Fio estava no banco, prestes a ser negociado. Sua trajetória no Flamengo estava no fim.

"Comentei com meus amigos: minha trajetória no Flamengo está perto do fim. Meu ciclo aqui está acabando", disse.

Aquela era a primeira passagem do Velho Lobo no comando técnico no Flamengo. O tom era de despedida. Mas a torcida estava ao seu lado, convenceu Zagallo a colocá-lo no jogo após muitos pedidos das arquibancadas.

O jogador teve seu lance que virou música exatamente nesse jogo. Fio foi lançado, passou por dois zagueiros portugueses, driblou o goleiro e fez o gol, que, como diz a música: "só não entrou com bola e tudo porque é humilde".

E quem estava no Maraca e assistiu de perto o golaço foi o Jorge Ben Jor, que na época era apenas Jorge Ben. O compositor e flamenguista doente eternizou o lance, que não possui imagens.

A música, eternizada na MPB e que faz parte da história do nosso futebol, surgiu para o mundo em um festival, na voz de Maria Alcina.

A cantora comentou ao Esporte Total que teve contato com outras músicas no festival, mas que escolheu a canção de Jorge pois sentiu o Brasil e o futebol na música

A canção fez muito sucesso com Alcina e Jorge, esteve entre as mais tocadas nas noites de Paris, até que em 73 um processo contra o compositor pelos direitos autorais virou notícia.

Na época o ingênuo atleta não sabia o que estava acontecendo, seu advogado e amigo fez isso por conta própria. Um verdadeiro desencontro de informações que fez Ben Jor cantar “Filho Maravilha” por muitos anos.

O constrangimento foi esclarecido e música voltou a sua versão original.

Desbravar a história desta música e conhecer alguns dos principais personagens que a compõe é um privilégio. Arte, cultura e futebol. Este tripé carrega a essência do país. A homenagem que Fio recebeu na verdade é uma menção a muitos brasileiros e brasileiras que se destacam, cada um com seu estilo, a sua maneira. Pode-se dizer que Jorge e Maria Alcina trazem luz ao palco da vida de milhões de Fios.

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